Senador norte-americano apela a ajuda imediata dos EUA a Moçambique

por Filipa Rodrigues
Lusa

O senador norte-americano Bob Menendez defende que os Estados Unidos devem dar ajuda imediata a Moçambique contra a insurgência terrorista, focada no respeito pelos direitos humanos, melhoria das relações entre civis e militares e eficácia dos serviços sociais

Bob Menendez, senador do Estado da Nova Jérsia, incentiva os Estados Unidos da América e toda a comunidade internacional a ajudar o Governo moçambicano a chegar às comunidades marginalizadas do norte com “melhor governação e serviços sociais críticos”, segundo uma declaração feita no Senado federal e enviada hoje à agência Lusa.

O intuito da declaração, feita na quarta-feira no Senado norte-americano, é refletir sobre o papel que os Estados Unidos podem ter na solução, nomeadamente com uma “estratégia coordenada entre agências” e com assistência às forças de segurança moçambicanas.

Bob Menendez disse que a comunidade internacional deve trabalhar num “pacote de ajudas ao desenvolvimento” para Moçambique, centrado em “melhorar a transparência, combater a corrupção, fornecer serviços de saúde e de educação e reforçar as oportunidades de emprego e empreendedorismo local”.

Membro Comité de Relações Internacionais, Menendez sustentou também que “a comunidade internacional deve financiar totalmente o pedido modesto do Gabinete de Coordenação da Assistência Humanitária da ONU”, que requer 254 milhões de dólares (207 milhões de euros) para apoiar mais de um milhão de moçambicanos durante todo o próximo ano.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1,3 milhões de pessoas no norte de Moçambique precisam de assistência humanitária urgente.

O senador norte-americano sublinhou que, no meio de uma “severa crise humanitária”, mais de 500 mil pessoas de Cabo Delgado viram-se desalojadas, das quais 41% são crianças.

“A situação em Moçambique é desastrosa e, infelizmente, não atraiu um nível apropriado de atenção dos decisores políticos”, considerou Bob Menendez, acrescentando que ainda há esperanças para uma mudança.

O político declarou que o Governo Moçambicano tem de garantir que as forças de segurança do Estado sejam “eficazes” e possam interagir com as comunidades de forma a poder “ganhar a confiança da população”.

“O Governo também deve ser pressionado a reduzir sua dependência das milícias locais, que têm ainda menos treino e responsabilidade do que as tropas do Estado”, acrescentou Bob Menendez.

Programas destinados a combater as ideologias extremistas e a promover o abandono da insurgência também devem ser reforçados, disse Bob Menendez.

Segundo o político do partido Democrata, a violência em Moçambique tem raiz na “indignação de uma comunidade marginalizada contra governantes corruptos e distantes, alimentada e brutalmente explorada por ideólogos islâmicos radicais”.

Bob Menendez destacou ao Senado norte-americano que a violência em Cabo Delgado tem crescido rapidamente devido a extremistas que proclamaram aliança ao Estado Islâmico e que têm “desenvolvido rapidamente capacidades militares sofisticadas”.

Os “atos de terror atrozes” também consistem em “fogos postos, homicídios, decapitações e sequestros”, acrescentou o norte-americano.

O senador reconheceu que nas últimas décadas, Moçambique tem dado “passos para resolver a guerra civil” e que tem havido progresso, apesar de a paz ser “fugidia”.

A descoberta de reservas de gás natural na província de Cabo Delgado em 2010, “podia ter mudado o curso do desenvolvimento do país”, mas viu nascer “um novo conflito que ameaça qualquer potencial ganho para os cidadãos”, disse o representante da Nova Jérsia.

Na opinião do senador norte-americano, “é trágico ver um país que parecia estar no auge da transformação ser arrastado de volta ao conflito”.

Bob Menendez sublinhou a “obrigação” que o Governo de Moçambique tem de investir nos próprios cidadãos e reintroduzir uma porção significativa das receitas do gás natural nas províncias onde as reservas naturais se encontram.

Para o senador, os Estados Unidos têm “interesse em ajudar a apoiar pessoas inocentes e em sofrimento e em promover a estabilidade”.

Segundo o senador, o ano de 2020 veio reforçar que a “segurança e estabilidade em todo o mundo pode afetar diretamente a segurança e estabilidade dos Estados Unidos”.

O coordenador para o contraterrorismo na administração norte-americana, Nathan Sales, disse este mês, depois de uma visita a Maputo, que os EUA querem ser o parceiro preferido de Moçambique para derrotar os rebeldes em Cabo Delgado, capacitando e equipando instituições da lei e ordem.

A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

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