Governo moçambicano considera “prioridade” envolvimento das empresas nacionais nos projetos de gás natural

por Gonçalo Lopes

O ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Max Tonela, considerou na quinta-feiraque é uma “prioridade” a participação das empresas nacionais nos projetos de gás natural na bacia do Rovuma, defendendo a capacitação do tecido empresarial moçambicano

Max Tonela respondia a uma pergunta da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, sobre a estratégia do Governo para o envolvimento das empresas nacionais nos projetos de gás natural.

“Temos encontros regulares com a direção da [multinacional] Total e estas matérias [sobre a participação nos projetos de gás] são prioridade”, enfatizou Tonela.

A Total lidera o consórcio que vai explorar em 2024 a Área 1 da bacia do Rovuma, norte de Moçambique, naquele que é o primeiro empreendimento em terra de exploração de gás natural no Rovuma.

O ministro dos Recursos Minerais e Energia avançou que 200 empresas detidas por moçambicanos já beneficiaram de oportunidades de negócios criadas na construção em curso das infraestruturas onde o consórcio da Total vai produzir gás natural liquefeito.

Essas empresas, prosseguiu, encaixaram no total 206 milhões de dólares (164,4 milhões de euros) através da sua participação na prestação de bens e serviços relacionados com as obras da Total em Cabo Delgado.

O governante assinalou a importância da capacitação das empresas moçambicanas para estarem à altura das exigências dos empreendimentos de gás natural.

“Estamos sensíveis às fraquezas das empresas moçambicanas e apostamos na capacitação”, destacou.

Nesse sentido, 40 empresas moçambicanas foram capacitadas em matéria de qualidade na prestação de bens e serviços às multinacionais do setor extrativo, incluindo 20 das empresas sedeadas na província de Cabo Delgado.

O ministro dos Recursos Minerais e Energia referiu que a preocupação em relação aos benefícios para os moçambicanos estende-se à mão-de-obra.

Nessa perspetiva, continuou, 85% dos 5.900 trabalhadores envolvidos nos projetos de gás natural em Cabo Delgado são moçambicanos, dos quais um terço são do distrito de Palma

Além do projeto do consórcio da Total na Área 1 em Cabo Delgado, que está a avançar para arrancar em 2024, o consórcio da Exxon Mobil e Eni tem também previsto o desenvolvimento do projeto de gás natural na Área 4, tendo, mas adiou a decisão final de investimento.

Um terceiro projeto mais avançado e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante que vai captar e processar o gás para exportação diretamente no mar, com arranque marcado para 2022.

Em outubro, o Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), ONG moçambicana, acusou as multinacionais envolvidas nos projetos de gás em Moçambique de travarem a lei do conteúdo local, que as levaria a comprar mais bens e serviços no país.

Numa nota de análise sobre o tema, o CDD refere que apesar de terem “um discurso politicamente correto”, as multinacionais “têm estado a pressionar o Governo a não avançar com a proposta de lei para a Assembleia da República”.

Adriano Nuvunga, diretor do CDD, disse à Lusa que, além do acompanhamento de todo o processo nos últimos seis anos que sustenta a análise, “há informação” que confirma aquela pressão.

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