“Quero ver Portugal na CEE, quanto mais se fala menos se vê”.
Esta era uma velha música do início de carreira dos GNR, uma banda que marca o nascimento e a evolução do rock em português.
Acontece que Portugal vai assumir a Presidência da União Europeia no primeiro semestre do próximo ano. E não é coisa pouca. A Pandemia continua à solta e – na mesma altura – Joe Biden vai assumir a Presidência dos Estados Unidos da América.
Portugal acabou por entrar para a CEE e na verdade isso significou uma mudança drástica, positivamente drástica, para o país. Contudo, no momento em que volta a assumir a Presidência do Conselho da UE, são múltiplos os desafios para o velho continente.
Os britânicos estão de saída, sem que até agora sejam inteiramente claras as consequências desse abandono.
A saída britânica assusta a vários níveis, até em termos de segurança, já que a Grã-Bretanha era um dos países europeus que mais contribuía para a NATO. A estratégia de defesa europeia continua – obviamente – dependente da Aliança Atlântica, mas a posição dos países da UE nessa aliança está muito aquém do que seria desejável.
O que se passou nos últimos 4 anos nos Estados Unidos prova que a democracia não se faz de hábitos, mas de conquistas…diárias.
O multilateralismo faz falta à Europa, mas cada vez mais se assiste a uma bipolarização. De um lado a China, do outro os Estados Unidos, sem que a Europa consiga assumir um papel determinante na definição dos destinos do mundo.
O próprio projeto europeu emite sinais de preocupação crescentes. Foi possível reagir à Pandemia e inclusive decidir apoios económicos aos vários países, que isoladamente nenhum deles conseguiria, mas esses apoios estão bloqueados pela oposição de países como a Hungria ou a Polónia. Dois dos países – hoje em dia – menos recomendados dentro das práticas democráticas que são apregoadas pela UE.
Essa “bazuca” financeira é fundamental para países como Portugal e dificilmente a conseguiríamos sem estar na União Europeia. Como não conseguiríamos ter uma vacina ao mesmo tempo que o povo alemão se não fosse assim. E como estariam as nossas taxas de juro se não fossem os mecanismos do BCE, o Banco Central Europeu.
Tudo isso é hoje, como foi nos últimos anos, um benefício com que portugueses e europeus em geral se habituaram a viver.
O que se passou nos últimos 4 anos nos Estados Unidos prova que a democracia não se faz de hábitos, mas de conquistas…diárias.