São casais binacionais, separados por uma pandemia que os deixa a milhares de quilómetros de distância. Há meses. Entre fusos horários e longas horas de conversa através de ecrãs, esperam e desesperam que Portugal permita o reencontro de namorados.
São 15 horas em Portugal, 17 em Israel. Núria Mendoza está sentada numa esplanada de Matosinhos a beber café na companhia do telemóvel apoiado num suporte improvisado. Do lado de lá do ecrã está Gerrit Grundling, a mais de cinco mil quilómetros de distância. Ela não liga aos olhares de estranheza. São marido e mulher e têm os planos de vida em suspenso à conta de uma pandemia que veio pôr travão ao sonho de viverem juntos em Portugal. Na verdade, veem-se todos os dias, mas desde fevereiro que não se abraçam, não se beijam, não sentem o cheiro um do outro. Israel tem as fronteiras fechadas. É muito difícil sair ou entrar. Mas o amor, esse, resiste e resiste e resiste. “Está a chover cá, estou a apanhar algum ar fresco”, diz Gerrit, enquanto caminha por um parque, bem perto de Telavive. “Parece bonito esse lugar, já aí fui tantas vezes e nunca me levaste aí”, brinca Núria. Falam em inglês e a língua de Shakespeare cai que nem uma luva numa história de amor que mais parece ter saído disparada de um livro para a vida real. Ele, sul-africano a viver em Israel, de 40 anos, e ela, portuguesa, de 46, conheceram-se na Polónia, numa formação na área de desenvolvimento pessoal. Corria o ano de 2018. E cinco dias bastaram.
“Apaixonei-me perdidamente. Não me lembro de uma paixão assim na minha vida”, confessa Núria. Desde então, ela já foi a Israel e à África do Sul, ele veio a Portugal e a Espanha, onde conheceu o pai de Núria. Andam num lá e cá constante. “Quisemos conhecer a realidade um do outro. Para decidirmos onde íamos viver. Gostei de Israel. Mas quando ele chegou a Portugal disse-me que esta era a terra dele, era aqui que queria viver.”
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