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Filha de Samora Machel entre as 100 mulheres mais influentes do mundo

Josina Machel, a filha de Graça e Samora Machel, é uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, na lista da BBC. Ativista, criou um movimento para apoiar vítimas de violência doméstica, como ela. Uma violência que lhe custou a perda de um olho mas que lhe deu forças para lutar por uma causa. É uma guerreira à semelhança do pai, da mãe e do padrasto, Nelson Mandela

Josina Z Machel, 44 anos, é uma antiga defensora dos direitos humanos, nascida sob um legado de ativismo, como a descreve a BBC que a coloca esta quinta-feira na lista das 100 mulheres mais influentes do mundo. “Ela é extremamente apaixonada pela sua vocação de promover os direitos das mulheres. Mestre pela London School of Economics and Political Science (LSE), sobreviveu à violência doméstica e está a transformar o seu trauma pessoal numa causa através do Movimento Kuhluka. A organização cria refúgios seguros para sobreviventes da violência em comunidades em todo o Sul da África”, descreve o site da emissora britânica.

Em 2020, o projeto BBC 100 Women destaca mulheres que estão a liderar mudanças no mundo e a marcar a diferença nestes tempos conturbados de pandemia de coronavírus, crise económica, avanço da fome e mudanças climáticas.

Duas brasileiras estão entre as eleitas: Cibely Racy, professora pioneira no ensino da igualdade racial, e Lea T, modelo transsexual.

A lista inclui ainda, por exemplo, Sanna Marin, a primeira-ministra mais jovem do mundo. Marin está à frente de uma coligação governamental liderada por mulheres na Finlândia, Jane Fonda, atriz norte-americana e ativista do clima, e Sarah Gilbert, que lidera o desenvolvimento de uma promissora vacina na Universidade de Oxford contra o novo coronavírus.

Josina, de vítima a ativista social

Em Moçambique, onde seis em cada dez mulheres são vítimas de violência doméstica, Josina Machel, filha do antigo Presidente de Moçambique Samora Machel e de Graça Machel, entrou também nas estatísticas. O ex-namorado espancou-a de tal forma que a fez perder um olho. Dessa vista não mais recuperou mas ganhou uma visão para algo maior do que ela.

Viria a criar o Movimento Kuhluka em Moçambique, uma organização não governamental que apoia mulheres vítimas de violência doméstica. “Mas o ponto mais importante da Kuhluka é, exatamente, a criação, manutenção e apetrechamento de abrigos, para mulheres que são sobreviventes de violência. A ideia é termos um abrigo onde a mulher vai num momento de emergência e lá tem acesso a médicos, a um agente da polícia, para que não tenham de passar pelo que eu passei. Porque quando voltei umas semanas depois [da agressão], para começar o meu processo de [denúncia], os meus documentos tinham desaparecido. Acredito que não há muitas mulheres neste país que consigam fazer esse exercício”, explicou Josina Machel numa entrevista concedida ao Diário de Notícias a 11 de novembro de 2017.

Josina tinha apenas 10 anos quando o pai foi assassinado. Mais tarde, quando a mãe, Graça Machel, se casou com Nelson Mandela, a jovem teve no padrasto sul-africano a continuação de um modelo de ativismo e de consciência social que existira sempre na sua família.

A 19 de outubro deste ano, a Aministia Internacional considerou um “duro golpe” contra as mulheres moçambicanas o acórdão que anulou a decisão que condenava o empresário Rofino Licuco a três anos de prisão por agressão a Josina Machel. Para a Amnistia Internacional, a decisão do Tribunal Superior do Recurso é um golpe à marcha em prol do fim da violência baseada no género em Moçambique, tendo ainda considerado inconcebível que, cinco anos após o incidente, Josina Machel, que é também ativista social, continue à espera de justiça.

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