Foi criada ontem uma rede inter-religiosa com o objetivo de discutir o papel da religião no conflito de Cabo Delgado.
Um grupo de religiosos das províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado vai passar a reunir-se com regularidade no sentido de procurar os caminhos para o fim da violência armada no norte de Moçambique.
Em declarações à Televisão Moçambique, o bispo de Pemba, Luiz Fernando Lisboa, afirmou que deseja o fim da guerra. “Queremos paz”, reiterou. O bispo ainda crescentou que é preciso ter “atenção cuidadosa” com as “vítimas e famílias que perderam pessoas”.
Em alusão às pessoas que se têm juntado ao grupo armado, Nassuralah Dula, o líder religioso muçulmano, quer ver se consegue “juntar o rebanho que se dispersou e fazê-lo perceber que aquilo que está a fazer não é correto”. Para Dula, é necessário unir os esforços de todos os grupos religiosos para formar uma corrente.
A rede está empenhada em apresentar estratégias de apoio às populações deslocadas e afetadas pela violência.
A província onde avança o maior investimento privado de África, para exploração de gás natural, está desde há três anos sob ataques de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019.
A violência armada em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.