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Casos de Covid aumentaram mais de 250% na terra indígena brasileira Yanomami

Os casos de covid-19 na terra Yanomami brasileiras aumentaram mais de 250% em três meses e a pandemia está “totalmente fora de controlo” nessa região amazónica, segundo um estudo de associações indígenas divulgado esta quinta-feira

O relatório, intitulado “Rastos da covid-19 na Terra Indígena Yanomami e a omissão do Estado”, informa que o número de casos aumentou de 335 em agosto para 1.202 em outubro, com 23 mortes confirmadas ou sob suspeita. 

Esses dados, coligidos com o apoio de lideranças locais e associações da área, ultrapassam 1.050 casos e nove óbitos, segundo a Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai) no seu balanço de 18 de novembro. 

“Como o isolamento social entre os moradores é impraticável nas aldeias, é possível que aproximadamente 10 mil Yanomami e Ye’kwana tenham sido expostos ao novo coronavírus, num universo de cerca de 27 mil pessoas, ou seja, mais de um terço da população total, evidenciando uma situação de total descontrolo”, alertam a Rede Pró-Yanomami, Ye’kwana e o Fórum de Líderes da Terra Indígena Yanomami, responsáveis pelo relatório.

A terra Yanomami, entre os estados do Amazonas e Roraima, é a maior reserva indígena brasileira, com uma área de 96.000 km2, sendo o lar de quase 27.000 indígenas, alguns isolados. 

Os primeiros casos e a primeira morte pelo novo coronavírus na região, na fronteira com a Venezuela, foram registados em abril. 

Associações e lideranças indígenas afirmam que a disseminação do novo coronavírus na Terra Indígena Yanomami é ampliada pela presença de garimpeiros ilegais. 

O presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro –  defensor da mineração e a exploração agrícola de terras indígenas – questionou várias vezes a demarcação da terra Yanomami, que, em plena floresta amazónica, há décadas é invadida por garimpeiros ilegais. 

Mauricio Yekuana, diretor da Associação Hutukara, disse em nota que a reportagem mostra “o descaso do governo na Terra Yanomami durante a pandemia”.

“Queremos protocolar esse documento perante as autoridades brasileiras. É um instrumento de denúncia dos problemas da invasão dos garimpeiros, da contaminação do meio ambiente como os nossos rios e ainda sobre as doenças, essa xawara [epidemia], que tem matando muita gente”, acrescentou também em nota Dario Kopenawa, líder Yanomami e vice-diretor da Hutukara. 

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