Início Moçambique Cabo Delgado: ONU diz que “O exército moçambicano não está preparado”

Cabo Delgado: ONU diz que “O exército moçambicano não está preparado”

Plataforma com Lusa

O representante do secretário-geral das Nações Unidas (António Guterres) em Moçambique, Mirko Manzoni, referiu que os casos de violação de direitos humanos em Cabo Delgado resultam por vezes de “frustração e impotência” das tropas moçambicanas.

Em entrevista ao jornal suíço Le Temps na terça-feria, Manzoni disse que os abusos que têm sido cometidos são o resultado da “frustração e impotência das tropas moçambicanas neste conflito”, salientando que, de forma alguma, os abusos se justifiquem.

Manzoni foi escolhido por Guterres para acompanhar as negociações de paz entre Governo e oposição. No entanto, o conflito em Cabo Delgado é um tema quente no país, sobre o qual o representante do secretário-geral da ONU se debruça na entrevista que concedeu ao Le Temps.

Na sua opinião, “qualquer abuso deve ser denunciado, investigado e, na medida do possível, severamente punido”, quer seja do lado dos insurgentes, quer do lado das tropas moçambicanas. “É um dever de justiça para com todas as vítimas”, rematou.

Para Manzoni, é importante ir ao detalhe, e perceber que estas atrocidades advêm de uma falta de formação adequada do exército moçambicano. “Mas, paradoxalmente, essas atrocidades também devem ser vistas como um claro pedido de ajuda. O exército moçambicano não está preparado para responder de forma adequada à violência sem precedentes de grupos ‘jihadistas'”, justificou.

Considera também, que os parceiros de Moçambique devem apoiar, fornecendo ajuda militar no combate aos rebeldes de Cabo Delgado, dado que estes são na sua maioria “‘jihadistas’ internacionais vindos da Somália, Iémen, Líbia, Uganda e República Democrática do Congo”, com “armas muito sofisticadas”

Diversos relatos e vídeos nas redes sociais têm mostrado ações de tortura durante o conflito de Cabo Delgado, tornando-se mais mediático o caso de uma mulher indefesa baleada pelas costas até morrer por homens trajados como militares moçambicanos, em setembro.

O Governo moçambicano defende que o vídeo foi fabricado pelos próprios insurgentes, enquanto diversas organizações não-governamentais (ONG) internacionais responsabilizaram as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas. Contudo, ainda não houve nenhuma investigação ao caso tornada pública.

Na última semana, uma comissão parlamentar composta maioritariamente por deputados do partido no poder, Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), concluíram não haver provas de abusos por tropas moçambicanas.

A violência armada em Cabo Delgado dura há três anos e está a provocar uma crise humanitária com cerca de 2.000 mortes e 435.000 pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos suficientes – concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

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