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Crianças talibés: ao serviço do Alcorão, a mendigar nas ruas

Criança talibé é a designação dada a um menor que ,sob pretexto de aprendizagem do Alcorão (livro islâmico), sai do seu ambiente familiar para outras localidades. Quase sempre acaba a mendigar nas ruas

A presidente do Instituto da Mulher e Criança (IMC) guineense, Florence Correia, disse hoje que a instituição “está a trabalhar seriamente” com mestres corânicos do país para encontrar uma solução para o problema das crianças talibés.

Criança talibé é a designação dada a uma criança que sob pretexto de aprendizagem do Alcorão (livro islâmico) sai do seu ambiente familiar para outras localidades, mas, quase sempre, acaba a mendigar nas ruas.

Os mestres corânicos são os pretensos professores daquelas crianças, mas são apontados como impulsionadores da ação de mendicidade daqueles menores pelas ruas de Bissau, Gabu, Bafatá, na Guiné-Bissau, e em Dacar, no Senegal.

Por iniciativa própria, os mestres corânicos, imames, professores de árabe na Guiné-Bissau e pais e encarregados de educação de crianças criaram uma associação que tem estado a conversar com o IMC.

Florence Correia está “agradavelmente surpreendida com o sentido de responsabilidade” dos membros daquela associação quando os próprios admitem ser “um verdadeiro problema” a questão da criança talibé, disse.

“Vejo que os mestres corânicos querem retirar as crianças das ruas, a questão agora é sabermos como”, observou a responsável.

A presidente do IMC salienta estar perante um dilema. Por um lado, sabe que “os mestres corânicos são seres humanos, com necessidades” e que usam aquelas crianças para o seu sustento, mas por outro lado, também tem consciência de que “é preciso atacar e acabar com a criança talibé”.

É no âmbito do fórum de concertação mensal entre o IMC e a associação recém-criada que Florence Correia vai propor soluções que na sua perspetiva poderão passar por criar escolas modernas para o ensino do Alcorão, as darás, como já existem no Senegal, e o Estado dar apoio aos mestres corânicos.

A presidente do IMC quer, por exemplo, propor que se juntem os mestres corânicos de cada região em cooperativas e dotá-los de tratores agrícolas, uma vez que quase todos são agricultores, frisou.

Florence Correia acredita que com esta estratégia ajudava-se os mestres corânicos a aumentar a sua produção e meio de subsistência e por outro lado retiravam-se as crianças das ruas do país e do Senegal.

A responsável afirmou que uma criança talibé corre o risco de ser alvo de tráfico humano ou ser um “alvo fácil dos pedófilos”, que disse ser um “outro problema” no país.

Florence Correia disse ainda que não tem um número exato de mestres corânicos e de crianças talibés que existem na Guiné-Bissau, mas garantiu para breve ter os dados a partir de um inquérito em curso nos dois sentidos.

A responsável não tem dúvidas em como o fenómeno ocorre em todas as regiões da Guiné-Bissau, até porque, notou, no mês passado, o IMC, com o apoio da Polícia Judiciária e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), fez regressar às suas comunidades em Guiledje, no sul, 29 crianças talibés “que deambulavam por Bissau”, disse.

“Estamos a preparar o retorno de 30 crianças guineenses do Senegal, também nas mesmas situações de mendicidade”, afirmou a presidente do IMC.

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