Ararinhas-azuis, extintas na natureza, serão libertadas na natureza em 2021

por Guilherme Rego

As aves passaram pelo período de isolamento, deixaram a quarentena e agora já estão no aviário

Um milagre da natureza. A ararinha-azul, espécie considerada extinta desde 2000, está prestes a ser reintroduzida na natureza depois de terem sido descobertas 52 aves da espécie na Alemanha e enviadas para o Brasil em março deste ano.

As ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii), descobertas no século XIX pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix, estão no centro de criação e reprodução em Curaçá, na Bahia, desde 3 de março. Terminada a quarentena obrigatória, foram libertadas para o aviário construído especialmente para o efeito. O ambiente é enriquecido com galhos, folhas e outras estruturas que devem auxiliar no gradual processo de reintrodução da espécie na caatinga, seu lugar original no Brasil.

O período de quarentena possibilitou que as aves se adaptassem ao clima tropical e quante da caatinga – muito diferente do que vivenciaram na Alemanha – e permitiram aos especialistas a observação da espécie, além de eliminar a possibilidade de alguma ave poder estar doente, revelou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na altura.

Como a reintrodução da espécie é uma ação inédita, não é possível ter certezas do resultado final, po isso, todas as experiências de reintrodução de psitacídeos que já foram feitas estão a ser levadas em conta, como por exemplo a dos papagaios-do-peito-roxo, no Parque Nacional das Araucárias, no Paraná. Assim, os biólogos que têm vindo a acompanhar as aves garantem que o último passo do processo de reintrodução da ave no seu habitat natural será dividido em várias etapas.

Condições atuais

Os aviários em Curaçã possuem dupla camada de proteção, mas ao mesmo tempo permitirem que as aves tenham contato com o clima da caatinga. A dupla proteção permite proteger as ararinhas-azuis de possíveis predadores e outros animais.

As aves – 24 machos e 28 fêmeas, com idades entre um e 26 anos -, estão agora em processo de preparação para serem largadas na natureza, algo que deve acontecer durante o próximo ano, sem certeza de data. Estão a ser oferecidos gradualmente mais frutos e sementes oriundos da zona da caatinga, por forma a que quando forem soltas saberem o que comer.

O processo de isolamento é fundamental nesta fase para evitar que as aves fiquem mansas. Por isso, as visitas ao Centro são restritas.

Extintas na natureza desde 2000

Animais exclusivos da caatinga, a ararinha-azul está extinta na natureza desde 2000. A ave, que naturalmente é uma espécie pouco populosa, teve o seu número de aves ainda mais reduzido pelo comércio ilegal e pela própria degradação do seu habitat – a Caatinga.

Assim, despois desta devolução de 52 espécies ao Brasil, a reintrodução das ararinhas-azuis no seu bioma de origem é um processo fulcral, estando previsto pelo Plano de Ação Nacional da Ararinha-Azul em conjunto com organizações internacionais que detinham algumas aves em cativeiro. Estima-se que haja pelo mundo 163 aves da espécie, todas em cativeiro.

O ICMBio e a organização não governamental Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), da Alemanha, firmaram no ano passado um acordo que oficializou a vinda das ararinhas azuis do país europeu para o Brasil. Entre os parceiros, estão, além da ONG alemã ACTP, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), o Criadouro Fazenda Cachoeira, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de São Paulo (USP).

https://youtu.be/hRdMqqL-9B4

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