“Yes, we can Make America Great Again”
Não tendo ficado para a história nenhuma frase-forte da campanha de Joe Biden, o Presidente-eleito dos Estados Unidos, recorro às frases de campanha dos seus antecessores. Parece-me que juntas dariam um bom lema para o mandato que Biden tem pela frente.
Para quem, como eu, gosta de palavras não é bom sinal a ausência de uma frase forte que tenha sido repetida durante o longo processo que conduzirá Joe Biden à Casa Branca.
Desta campanha, onde não se percebe (como já aconteceu noutras) se os eleitores norte-americanos votaram no candidato democrata ou contra o republicano Donald Trump, guardamos como essencial a ideia de que o Presidente-eleito quer voltar a liderar os 50 Estados…Unidos.
Não menosprezo a tarefa, que parece ser determinante para o futuro do país e do mundo, depois da gestão de Donald Trump.
O até agora presidente ainda nem reconheceu a derrota, no habitual discurso de concessão. Uma prática comum, mas não obrigatória.
Joe Biden não precisa desse reconhecimento de derrota para assumir a presidência, mas para a anunciada tarefa de unir o país isso seria importante.
“Yes, we can Make America Great Again”
A tolerância é um fator essencial na construção da Democracia. O regime democrático vive de polarizações, mas quando elas se tornam excessivas impedem os entendimentos essenciais à governação.
Interna e externamente, os últimos anos da vida da ainda maior potência económica mundial não foram marcados pela tolerância, pelo respeito pelas diferenças, nem alicerçadas na verdade. Fosse ela conveniente ou inconveniente.
Essa é a herança de Joe Biden. Um país polarizado, partido ao meio, onde, apesar de tudo, o nível de participação nas eleições dá uma lição de vitalidade democrática a vários países do mundo.
Um país a braços com as consequências sanitárias e económicas de uma Pandemia que o ainda inquilino da Casa Branca teimou em desvalorizar, permitindo por isso o seu crescimento relativamente desenfreado durante algum tempo.
A tarefa de juntar estados tem também uma vertente externa. Joe Biden fará bem em voltar a estender a mão (não num sinal de fraqueza, mas de entendimento) a países que durante os últimos quatro anos foram tratados com os pés ou literalmente à cotovelada.
A América mudou de Presidente, mas é preciso perceber se está disponível para mudar como país. Se podem (We Can) refazer um grande país (Make America Great Again). Sem as duas coisas juntas haverá sempre muitos descontentes.
*Diretor do PLATAFORMA