Problemas na cooperação económica e comercial entre a China e o Brasil

por Filipa Rodrigues
David ChanDavid Chan*

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, conhecido como o Trump da América do Sul, recusa-se agora a comprar a nova vacina chinesa contra o coronavírus, alegando que a mesma ainda se encontra em fase de teste, e afetando diretamente o desenvolvimento conduzido pelos dois países. Embora a China e o Brasil continuem a colaborar na criação de vacinas, a cooperação económica e comercial não é ideal, especialmente o comércio de produtos agrícolas. 

As trocas agrícolas entre os dois países dizem na maioria respeito à soja. A China importa do Brasil todos os anos uma grande quantidade de soja para conseguir responder à procura interna. No início, o Brasil prometeu à China que lhe iria oferecer o melhor preço possível, porém, com a guerra comercial sino-americana, o Brasil decidiu subir o preço da soja, alegando que deve ser limitado o que a China importa do país.

Bolsonaro já afirmou que quer aprender com Trump e transformar o Brasil numa grande potência, por isso decidiu subir o preço das exportações para a China. Embora a China tenha demonstrado descontentamento, o lado brasileiro recusou-se a fazer cedências, na convicção de que a China não possui nenhum outro parceiro comercial e que iria dessa forma continuar a importar soja brasileira ao novo preço.

A China cancelou todas as importações, retirou todo o investimento comercial no Brasil, e trocou o país pelo Camboja, o novo fornecedor de soja. Os EUA, além de apoiarem Bolsonaro, decidiram ainda alertar o Camboja contra a exportação para a China, sob o risco de sofrer sanções económicas americanas, esquecendo-se que este país não possui grande cooperação económica com os EUA e pode por isso facilmente escolher cooperar com a China. 

O Brasil, ao perder este mercado chinês, ficou com vários recursos agrícolas estagnados no país, causando descontentamento entre os agricultores brasileiros e protestos contra as políticas pró-americanas implementadas pelo governo que causaram grande prejuízo. 

A cooperação entre a China e Brasil não está limitada ao comércio de soja, também inclui outros produtos agrícolas como carne de porco, vaca, frango, entre outros. E embora a soja não faça mais parte do comércio dos dois países, ainda há espaço para desenvolvimento de cooperações económicas sino-brasileiras, tendo em conta que ambos os países fazem parte do BRICS.  

‭*‬Editor Senior do canal chinês do Plataforma

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!