Servir a sociedade, o pilar da inclusão

por Filipa Rodrigues
Solange Safrão

Fátima Ferreira, natural de Macau, é presidente da associação Fu Hong. A associação, no âmbito do respetivo trabalho, acolhe cerca de 500 residentes, os quais apresentam alguma deficiência física ou mental. 

“Precisamos do apoio da sociedade para acolher as pessoas com deficiência. Não devemos esconder-nos, mas sim apoiar o máximo possível”, afirma.

Há 17 anos que associação existe. Foi fundada pela Fátima e dois amigos depois de se reformarem. A criação da associação era para atender as necessidades dos alunos que terminavam os estudos na escola especial e que não recebiam propostas de trabalho na sociedade.  No mesmo ano, abriram um centro vocacional para os deficientes.

Fátima já foi presidente do Instituto de Ação Social do Governo da RAEM. Na sua presidência ela organizava junto com a comissão das associações que cuidam dos assuntos dos deficientes celebrações do dia Internacional dos deficientes. Ao longo dos anos viu a preocupação do governo com os residentes com deficiências e agora que se dedica a associação Fu Hong, apostam na reabilitação através da arte. 

“Temos uma banda, chama-se Life Band, composta por 2 autistas e 1 deficiente intelectual. Eles já atuaram no Nam Van, são muito apreciados e conseguimos notar a evolução deles”, conta.

O maior objetivo da associação é integrar aqueles que muitas vezes são esquecidos pela sociedade. Felizmente, o cenário em Macau tem melhorado e algumas empresas como o MGM tem contratado alguns utentes da associação. Alguns já trabalham no MGM, em vários setores, como na cozinha, na lavandaria e alguns na limpeza. 

“O MGM tem uma dezena dos nossos utentes no seu quadro pessoal. Eles montaram um quarto num dos nossos centros e é la que treinam os nossos utentes, aprendem a arrumar os quartos, limpar a casa de banho e a cuidar de uma quarto de hotel”, explica. 

A associação tem prestado apoio aos utentes em três centros. A oficina de trabalho, o centro de deficientes profundos e o centro dos doentes mentais em recuperação, este último centro acompanha pessoas que acabam o seu tratamento nos hospital, eles ajudam a monitorar a medicação. 

“Aqueles que tem um interesse diferente, são selecionados para trabalhar na cozinha, na gráfica e na lavandaria”, revela.

A associação também tem um lado empresarial. Tem duas empresas sociais uma lavandaria e uma loja de venda de artigos de segunda mão. A lavandaria atende a necessidade dos residentes nos lares e dos barbeiros. 

O restaurante é um centro vocacional para treinar os doentes mentais. 

“Os doentes mentais não aceitam outras tarefas alem de cozinhar. Sentem se mais validos a cozinhar e a servir no restaurante. Espero que um dia com o treinamento que eles tem recebido nesse restaurante que eles consigam trabalhar num dos restaurantes aqui em Macau”, diz. 

O Cantinho Português  é o nome do restaurante vocacional. A Fátima explicou a escolha do  nome ter haver com Macau e a sua ligação com Portugal. O restaurante promove a culinária macaense e portuguesa e a Fátima ensina as receitas pessoalmente. 

“ A cozinha macaense é uma cozinha muito caseira por isso que a comida não é tão popular na maioria dos restaurantes em Macau. Nem sempre as famílias estão dispostas a partilhar os segredos das receitas e por isso que muitos pratos foram esquecidos”, explica. 

O arroz de pato e a galinha à portuguesa são os pratos mais famosos do restaurante.

Além da restauração, a associação tem campanhas de angariação de fundos. Este ano estão a vender meias estampadas com os desenhos dos utentes dos centros. 

O maior desejo da Fátima e da associação é que haja mais empresas para prestarem serviços sociais. Esta satisfeita porque a sociedade mudou a mentalidade e perceção diminutiva que tinham dos deficientes e muitos deficientes hoje são valorizados. Sugere que o governo da RAEM aposte na formação superior de terapeutas e fisioterapeutas para acompanhar os que precisam de apoio. 

“ Eu creio que Macau pode  fazer muito mais e pode formar mais profissionais de serviços sociais”, sugere.

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