O Governo brasileiro convidou 10 chefes de missões diplomáticas estrangeiras, incluindo a de Portugal, para viajar até à Amazónia na próxima semana, para verificarem a “preservação daquela floresta”, noticiou na quinta-feira a imprensa local.
De acordo com o portal de notícias G1, África do Sul, Alemanha, Canadá, Colômbia, Espanha, França, Peru, Portugal, Reino Unido e Suécia são os países que terão os seus representantes diplomáticos a viajar na próxima quarta-feira para a floresta Amazónia, numa missão que será chefiada pelo vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão.
Além desses países, deverão também participar na viagem os chefes diplomáticos da União Europeia e da Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA), sediados em Brasília.
O vice-presidente do Brasil, que lidera o Conselho Nacional da Amazónia Legal, entidade que coordena diversas ações direcionadas para a preservação daquela que é a maior floresta tropical do mundo, indicou no mês passado que estava a preparar uma ofensiva diplomática para responder à Europa sobre destruição da Amazónia.
Mourão declarou, na ocasião, que o Brasil “não nega ou esconde informações sobre a gravidade da situação” que atinge a floresta, como incêndios e desflorestação recorde, mas frisou que o Governo “não aceita narrativas simplistas ou distorcidas” que, na sua opinião, prevalecem “em algumas partes do mundo”.
Já na semana passada, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou que o seu executivo estava a finalizar os detalhes de uma viagem para levar diplomatas estrangeiros a visitarem a floresta Amazónia para que vejam que “nada está queimando ou sequer um hectare de selva devastada”.
“Estamos a ultimar uma viagem, onde convidaremos diplomatas de outros países para mostrar naquela curta viagem de uma hora e meia que não verão na nossa floresta amazónica nada queimando ou sequer um hectare de selva devastada”, afirmou o mandatário, que nega a destruição ambiental no seu país.
A viagem começou a ser planeada após oito países europeus enviarem uma carta a Mourão, afirmando que o aumento da desflorestação na Amazónia poderia dificultar a importação de produtos brasileiros.
Estas críticas, que já foram expostas ao Brasil há vários meses por representantes de cerca de 40 fundos de investimento globais, juntam-se a outras feitas por poderosas empresas, que se voltaram contra a gestão ambiental do executivo de Bolsonaro.
Na viagem à Amazónia, o Governo brasileiro será representado pelos ministros Tereza Cristina (Agricultura), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Eduardo Pazuello (Saúde), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Raul Botelho, além de Hamilton Mourão, segundo o G1.
A viagem tem previsão de duração de três dias.
A Amazónia brasileira registou, entre janeiro e setembro deste ano, 76.030 queimadas, o maior número desde 2010, quando foram registados 102.409 focos de incêndio no mesmo período, informou na semana passada o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Já a desflorestação da maior floresta tropical do mundo atingiu mais de sete mil quilómetros quadrados de janeiro a setembro, um número alarmante, apesar de uma queda de 10% face o mesmo período de 2019, ano em que foram quebrados todos os recordes, segundo o mesmo organismo público.