Cerca de 1,2 mil milhões de crianças estão a viver, neste preciso instante, no que tecnicamente é denominado de “pobreza multidimensional”.
E o que nos diz este conceito? De acordo com a Universidade de Oxford, “a pobreza não pode apenas ser contabilizada tendo em conta a ausência de dinheiro. Escassez de alimentos, de educação, de cuidados de saúde e de abrigo são, igualmente, indicadores substanciais de estados de pobreza.”
E é esta pobreza multidimensional que nos deve preocupar. E muito.
Segundo divulgou, em meados de setembro, a organização Save The Children, desde o início da pandemia (já lá vão sete longos meses) o número de crianças que caíram nesta pobreza subiu 15% em todo o mundo.
Não sendo uma pessoa de números, não posso deixar de ficar indiferente a este registo. 15% é uma subida demasiado rápida e que espelha bem o que nos pode esperar com o recrudescer do número de casos em todos os países. E que obriga, de novo, os goveros a tomarem medidas de restrição e confinamento.
François Macron, o presidente de França, anunciou há um par de horas a indcação de um novo confinamento francês. E, logo no arranque da sua comunicação, justificou: ““Nada é mais importante que a vida humana”.
De facto, nada é mais importante que a vida humana. E todas elas importam. Mas em que condições?
O mundo move-se, nestes tormentosos dias, num movimento de “navegação à vista”.
Estaremos preparados para ver – e fazer parte – deste horrível conceito de pobreza multidimensional?
Se agora estão contabilizadas 1,2 mil milhões de crianças, quantas mais serão daqui a outros tantos sete meses?
Demasiadas perguntas para as quais, infelizmente, ninguém tem resposta.
*Editora da edição portuguesa do Plataforma