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“Pemba está saturada e não há condições para receber mais deslocados”

Mais de sete mil pessoas em fuga de vários locais de Cabo Delgado chegaram a Pemba durante a semana e todos precisam de ajuda humanitária. Em entrevista ao Centro para a Democracia e Desenvolvimento, o Bispo da Diocese de Pemba, Luiz Fernando Lisboa, diz que a cidade está saturada e não há condições para receber mais deslocados

“Mas nós não podemos proibir as pessoas de procurar refúgio em Pemba”, admite o bispo de Pemba na entrevista ao Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), disponível no site da ONG. Sobre o futuro de Cabo Delgado, o Bispo de Pemba não tem dúvidas de quem vêm aí mais dias difíceis. “Infelizmente, não há previsão de que esse sofrimento vai acabar em breve, isso devido a tudo o que estamos a passar e por causa das respostas que estão sendo dadas”.

Na entrevista, o bispo Luiz Fernando Lisboa descreve a situação dos milhares de deslocados como sendo de “calamidade pública”. Milhares de
pessoas chegam em pequenas embarcações sobrelotadas. As pessoas chegam em péssimas condições, desidratadas, doentes e outras feridas. À chegada recebem uma pequena assistência sanitária e uma refeição quente, mas são muitas pessoas que estão no Paquitequete, é um mar de gente. Além dos deslocados que estão a chegar, existem aqueles que chegaram há muito tempo e continuam em Paquite à procura de comida”.

O bispo estima que em Pemba já estejam entre 80 a 100 mil deslocados

O bispo de Pemba estima que existam 350 mil a 400 mil deslocados em Cabo Delgado, e numa boa parte dirigidos a Pemba. “Em Pemba, em particular, fala-se de 80 a 100 mil deslocados. Mas é muito difícil estimar os números, porque as pessoas chegam de todos os lados. Há deslocados em Mueda, Montepuez, Ancuabe, Chiúre e outros pontos da província. Mas os dados desta última semana apontam para mais de 7.400 pessoas que chegaram à Cidade de Pemba, transportadas por 127 barcos. Das 7.400 pessoas, mais de três (3) mil são crianças, 53 idosos, quatro (4) mulheres grávidas, sendo que duas deram parto no barco, 77 pessoas chegaram doentes, mais de 20 pessoas com deficiência. As pessoas saíram das aldeias de Macomia, Quissanga, Metuge e de algumas ilhas do arquipélago das Quirimbas. Somando com os deslocados que chegaram há 25 dias, estamos a falar de mais de 20 mil pessoas que entraram em Pemba em quase um mês”.

O bispo de Pemba alerta para uma situação de “calamidade pública”

Na entrevista ao CDD, o bispo Luis Fernando Lisboa não perspetiva um melhor cenário no médio e longo prazo na província do norte de Moçambique que está há três anos em guerra. “Os ataques não páram, há regiões que estão dominadas pelos insurgentes, embora haja uma negação a respeito disso. Mas é um facto que há regiões ocupadas. Isso mostra que teremos dias mais difíceis”.

O bispo de Pemba deixa um apelo lancinante ao governo de Moçambique e à comunidade internacional: “Ajudem Cabo Delgado, ajudem-nos para que possamos ajudar as pessoas que estão a sofrer. Precisamos de ajuda interna e externa”.

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