O diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI), Abebe Aemro Selassie, admitiu esta quinta-feira ter iniciado o diálogo sobre um novo programa de financiamento a Moçambique, em contexto pandémico.
Moçambique tem afirmado publicamente que existe a necessidade de um programa de financiamento por parte do FMI para equilibrar os desafios macroeconómicos que o país já enfrentava e que só se aprofundaram no contexto atual de pandemia de Covid-19. Este ano, o PIB do país deve registar crescimento económico negativo, a rondar os 0,5%.
Durante a conferência de imprensa que serviu para apresentar as Perspetivas Económicas para a África Subsaariana, Selassie respondeu: “Sim, as autoridades expressaram interesse em ter um programa de apoio financeiro, e estou muito satisfeito de começar as negociações sobre isso”
No entanto, deixa um aviso, dado que este anos, os programas de financiamento são rápidos, encoraja os países a desenvolver “a sua própria recuperação forte e sólida”.
Relativamente à situação de terror vivida em Cabo Delgado, a norte do país, o economista também mostrou “grande preocupação” com os ataques e lembrou outros casos em que a violência tem se verificado nos países vizinhos. “Na bacia do Lago Chade, com o Boko Haram, e também há desafios de segurança no Mali que contaminam a Nigéria, o Burkina Faso e grandes partes do Sahel”, apontou Selassie, vincando que “é preciso procurar soluções para combater esta ameaça, é muito importante, não só para Moçambique, mas também para os países vizinhos”.
Há três anos que Cabo Delgado é alvo de ataques armados por terroristas. Até agora, cerca de 250 mil pessoas tiveram de ser deslocadas e mais de mil sucumbiram.