Médicos intensivistas portugueses com turnos de 24 horas e sem pausas

por Filipa Rodrigues
Joana Cabrita

O Governo pode até abrir mais 30 vagas para intensivistas, mas será que existem médicos especializados para preencher esses lugares? Ana Isabel Pedroso, especialista na área, dá o seu parecer.

Ana Isabel Pedroso tem 35 anos e é médica há 10. É especialista em medicina interna e intensivista no Hospital de Cascais e lida diariamente com doentes internados e positivos para a Covid-19. Em entrevista ao Delas.pt, explica o seu dia-a-dia.

Numa altura em que o país volta a entrar em estado de calamidade e se debate o uso obrigatório de máscaras de proteção individual nas ruas, bem como a obrigatoriedade de uso da App Stayaway Covid – temas que têm criado muita polémica – entrevistámos uma das mulheres que tem como rotina diária o cuidado de doentes internados nos cuidados intensivos, devido ao Novo Coronavírus.

Sobre a relação com as máscaras, a médica afirmou que a imposição do seu uso em ambientes que não apenas os fechados já deveria ter vigorado há mais tempo. Mas, afinal, como é que é a vida de uma intensivista em Portugal? “Cansativo”.

Ana Isabel Pedroso, médica especialista em medicina interna e intensivista no Hospital de Cascais. Nas suas redes sociais, a especialista costuma abordar várias vezes temas relacionados com o Novo Coronavírus (DR)

Turnos de 24 horas, sem pausas

A vida de um intensivista não tem sido fácil, começa desde logo por esclarecer a especialista. “O nosso trabalho sempre foi complicado, é um trabalho muito stressante porque trabalhamos no limiar da vida e da morte. Por outro lado, também tem muita adrenalina e normalmente quem anda nestas andanças é porque gosta de estar neste limite”, descreve a médica.

Não será de estranhar que Ana Isabel Pedroso diga que os últimos meses têm sido acompanhados, especialmente, de trabalho extra. “Ultimamente temos tido mais trabalho e temos todos uma nova zona de trabalho, que é a zona Covid. Isto porque os doentes em zona Covid não podem estar perto de outros doentes. Esta é uma zona isolada e em que utilizamos fatos que têm o máximo de duração de 4 a 6 horas. Fatos esses que nós não podemos tirar. Se a pessoa tem comichão no nariz, não vai coçar com as luvas, a pessoa não pode ir à casa de banho durante aquele tempo, não pode beber água, não pode tirar a máscara. Portanto, as nossas condições de trabalho neste momento são bastante complicadas, comparativamente com o que tínhamos antes, que era um open space“, explica.

Para além do mais, a grande maioria trabalha em turnos de 24 horas, o que também não é fácil. “Entramos às 8h30 da manhã e saímos no dia a seguir. Isto para nós já é quase o normal, e claro que isto de normal não tem nada, mas a verdade é que fazemos isto várias vezes por semana. E por isso estamos todos muito cansados”, desabafa a intensivista.

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