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Dimensão iconográfica da poesia de António Gonçalves

Jomo Fortunato

Se empreendermos uma leitura diacrónica da obra de António Gonçalves, revisitando do mais antigo aos dois últimos livros de poemas, “Sobre asas e fios de rosa”, 2014, e “Os livros dos ancestrais”, 2018,concluímos que houve uma evolução natural e vertiginosa do poeta, em relação à estética da sua versificação, prática literária que rebusca o efeito sonoro e iconográfico da palavra, num processo subtil de permanente construção e reconstrução do verso.

Preocupado com as vicissitudes e as conflitualidades sociais do seu povo, António Gonçalves publicou, “Cenas que o museke conhece”, 2003, seu primeiro livro no domínio da ficção narrativa, editado em Cuba, continuando um percurso que, de forma vertiginosa, levou o autor a amadurecer os contornos estéticos de construção textual, elegendo a poesia como território privilegiado da sua criação literária.

Sobre os primeiros anos de iniciação literária, aos treze anos de idade, António Gonçalves recordou o seguinte: “Comecei a escrever poesia de carácter religioso na Igreja da Santa Ana, no emblemático Bairro Popular. Era devoto da Igreja Católica, onde fui encaminhado pela minha Professora Primária, Fernanda, consequência de uma redacção que escrevi, na qual revelava a intenção de ser Padre”.

Sobre a génese da sua obra poética, António Gonçalves deixou-nos as seguintes palavras, “A minha poesia busca incessantemente o homem, suas transmutações e contradições, na sua relação com o tempo e a espiritualidade. É o que procuro, neste percurso de vinte anos de produção poética, rebusco uma estética de pendor humanista”. De facto, não será arriscado afirmarmos que o homem acaba por ser o epicentro das motivações narrativas e ficcionais da poesia de António Gonçalves. Um homem transfigurado pelo tempo, vítima dos seus insaciáveis caprichos, maculado pela sua própria experiência, filósofo dos seus erros, e autor evidente da sua destruição, enfim, amiúde, catastrófica.

Filho de Domingos Gonçalves Manuel e de Georgina Domingas de Carvalho, António Domingos Gonçalves nasceu em Luanda no dia 10 de Agosto de 1960. Concluiu a instrução primária na Escola 225, no Bairro Popular, em Luanda. Formado em Gestão de Hotelaria, pela extinta Escola de Hotelaria de Luanda, Ilha do Cabo, António Gonçalves frequentou o curso de linguística no Instituto Superior de Educação de Luanda, ISCED, opção língua portuguesa, foi membro e Secretário-geral da União dos Escritores Angolanos.

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