RENAMO acusa FRELIMO de coação sobre militantes

por Guilherme Rego

O partido de oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), acusou a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) de obrigar membros do partido a pagar quotas, tornando-os militantes da FRELIMO contra a sua vontade.

André Magibire, secretário-geral da RENAMO, pronunciou-se no discurso de abertura da reunião nacional de quadros da organização. “Há casos em que os membros da Renamo são obrigados a pagar quotas a favor do partido FRELIMO”, disse.

Segundo Magibire, no distrito de Gorongosa, província de Sofala, centro de Moçambique, tem existido coação por parte dos dirigentes da FRELIMO. Em alguns casos, as quotas são equivalentes “ao salário mínimo tabelado em muitas profissões”, o correspondente a cinco mil meticais (cerca de 58 euros), reitera o político.

O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado a 6 de agosto de 2019, teve como objetivo pôr um fim ao clima de tensão entre os dois partidos. No entanto, André Magibire descreve como “martírio” o nível de perseguição a que os militantes da RENAMO estão sujeitos ao exercer a sua atividade partidária nas províncias de Manica e Sofala, centro do país. “Os colegas estão a ser desmobilizados [da guerrilha da Renamo], porque já não queremos mais uso das armas, queremos fazer política, queremos que os combatentes vão para as suas casas e se insiram na sociedade”, destacou.

No âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, está em curso o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) de guerrilheiros da Renamo, tendo sido abrangidos 1.075 ex-guerrilheiros de um total de 5.000 que vão ser contemplados.

Apesar de progressos registados na obtenção da paz nacional e política, um grupo de dissidentes da RENAMO, a auto-proclamada Junta Militar, liderada por Mariano Nhongo, um antigo dirigente de guerrilha, que exige melhores condições de reintegração e a demissão do atual presidente do partido, Ossufo Momade, tem sido um obstáculo. A Junta Militar é acusada de criar instabilidade em Manica e Sofala.

O secretário-geral da Renamo considerou a alegada repressão aos membros do partido uma contradição ao espírito e letra do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, reiterando o compromisso do partido com o respeito pelo entendimento.

Antonio Sánchez-Benedito Gaspar, embaixador da União Europeia em Moçambique, vê na desmobilização da RENAMO uma preocupação, mas acredita que o processo de pacificação que decorre no país vai-se impor. Mariano Nhongo não pode impor as suas vontades a milhões de moçambicanos. Há um processo de pacificação em curso e reiteramos o nosso apelo a Junta a se juntar ao mesmo”, afirmou Antonio Sánchez-Benedito Gaspar.

Desde julho do ano passado, cerca de 900 antigos guerrilheiros da Renamo, na província de Sofala, passaram à vida civil, no âmbito do processo do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

“Dentro do processo do DDR há oportunidades para todos. Apelamos à Junta Militar a aproveitar esta oportunidade” para ser desmobilizada. “Fora do DDR não há oportunidades para ninguém. Que a junta aproveite esta possibilidade”, pois o acordo assinado entre o Chefe de Estado e o líder da Renamo não permite que um grupo de pessoas coloque em causa a “vontade de milhões de moçambicanos que querem viver em paz”, segundo Antonio Sánchez-Benedito Gaspar.

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!