Embaixada portuguesa em Pequim apoia tradução de 50 autores

por Gonçalo Lopes

A Embaixada de Portugal em Pequim vai apoiar a tradução de 50 obras de autores lusófonos para o triénio 2020-2022. É uma lista elaborada “por uma comissão de peritos em literatura portuguesa, que reúne obras fundamentais e centrais da literatura portuguesa“, disse à TDM – Rádio Macau o embaixador José Augusto Duarte.

Tudo começou com um estudo para saber quantos autores foram traduzidos para chinês nas últimas décadas.

“Com essa informação rigorosa de quem foi traduzido, quando e onde, podemos mais facilmente estabelecer estratégias de apoio à promoção e divulgação da literatura portuguesa, dos autores portugueses para o grande mercado chinês”, explicou o embaixador de Portugal na China.

A lista está dividida em 16 temas. Camilo Pessanha (“Clepsydra”), e Mário Cesariny, (“Poesia”) são traduzidos sob “As grandes revoluções em verso do século XX”.

Já o tema “1961: o ano da revolução em versos” inclui nomes como Herberto Helder, com “A colher na boca”.
Aquilino Ribeiro, com “O Malhadinhas” (1922), e Carlos de Oliveira, com “Trabalho Poético” (1970) surgem inseridos em “Os renovadores da linguagem”.

A lista inclui “Ensaios” de António Sérgio na temática “Pensamento português – textos pós-colonialismo”.

E em “História e romance, neo-realismo e resistências”, estão listados Soeiro Pereira Gomes, que publicou “Esteiros” em 1941, e Fernando Namora com Retalhos da Vida de Um Médico, editado em 1949. É aqui também que surge Orlando da Costa, pai do primeiro-ministro português, com “O Signo da Ira”, dado à estampa em 1961, o ano do fim do domínio português em Goa, de onde é natural António Costa.

A lista também assinala os 50 anos de As Novas Cartas Portuguesas, com obras de Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta.

Já sob o tema “Portugal no feminino”, a escolha recaiu sobre Lídia Jorge com “Os Memoráveis”, de 2014, Hélia Correia, “Um Bailarino na Batalha”, e Julieta Monginho, com “Um muro no meio do caminho”, estes últimos publicados há dois anos.

Destaque ainda para “As vozes portuguesas na Ásia” – De Maria Ondina Braga é traduzido “Nocturno em Macau”, de Venceslau de Morais “Paisagens da China e do Japão”, e de Fernanda Dias, “Horas de Papel”.

O plano, segundo o embaixador José Augusto Duarte, é ter 16 obras traduzidas dentro de um ano. Mas há dificuldades: “Não temos número suficiente de tradutores de qualidade que nos possam assegurar com enorme rapidez fazer tudo. Temos de recorrer aos mais reputados tradutores de português para chinês”.

“É uma forma também de nos apoiarmos todos os homens e mulheres que na China apostraam pela lingua portuguesa nas várias universidades portuguesas na China e em Macau”, acrescentou.

Além desta lista de 50 autores, a Embaixada de Portugal em Pequim também está a apoiar a tradução para chinês de obras de Florbela Espanca, Agustina Bessa Luís e Sophia de Mello Breyner.

Outros nomes como Fernando Pessoa ou José Saramago ficam de fora por já serem muito conhecidos: “Uma editora quer correr o risco de editar José Saramago porque não corre riscos, porque o nome é conhecido, mas quem vai editar autores como a Augutina Bessa Luís ou Lídia Jorge é que corre riscos porque são escritoras ainda desconhecidas na China”.

“Por isso é que temos de dar um apoio suplementar para tornar essas obras minimamente conhecidas e para depois mais tarde as editoras poderem reeditar e correrem esse risco”, concluiu.

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!