Militares brasileiros confundiram Caetano Veloso com cantor mexicano em 1968

por Rute Coelho

Com o lançamento do documentário Narciso em Férias, no mês passado, a prisão de Caetano Veloso em 1968 voltou a ser assunto

O artista foi detido em São Paulo e levado para o Rio de Janeiro junto com Gilberto Gil. Dias depois, soube do que estava sendo acusado: teria parodiado o Hino Nacional durante uma apresentação na boate Sucata, no Rio. A informação foi divulgada pelo jornalista Randal Juliano (1925- 2006) no programa Guerra é Guerra, da TV Record. Porém, o fato nunca aconteceu e Caetano conseguiu testemunhas para defendê-lo no processo. Mesmo assim, não foi inocentado e precisou sair do País.

Um documento produzido pelo regime militar, que aparece pela primeira vez no filme, mostra que outra alegação falsa serviu como justificativa para manter Caetano preso. Um disco do cantor e compositor com a música Che, homenageando o guerrilheiro Che Guevara, teria sido apreendido. “É uma loucura, nunca fiz nenhuma música chamada Che, não houve apreensão de disco meu. Nenhuma apreensão de discos meus naquela época. Eu não sei como eles se endereçavam. Inverdades, falta de cuidado com a averiguação dos fatos, não é possível um troço desses”, disse Caetano aos diretores Renato Terra e Ricardo Calil em trecho que ficou de fora da versão final de Narciso em Férias.

Em uma live sobre democracia e liberdade de expressão da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) ocorrida no fim de setembro, Caetano contou que um editor amigo recebeu de um jornalista a capa do disco Che, atribuída não a ele, mas a Cataneo. De fato, um disco de Pancho Cataneo saiu no Brasil em 1968 e foi apreendido. “Eu não conhecia o cantor e nem o disco até então”, informou Caetano, por e-mail.

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