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ONG insiste no caso de jornalista moçambicano desaparecido há meses em Cabo Delgado

O Instituto de Comunicação Social da África Austral (Misa Moçambique) voltou hoje a instar as autoridades a localizarem o jornalista moçambicano desaparecido há seis meses em Cabo Delgado, região no norte do país afetada por conflitos armados.

“O Misa Moçambique continua a instar as autoridades do Governo da República de Moçambique a usarem todos os instrumentos ao seu dispor para prosseguir com os esforços que ajudem a esclarecer o caso do desaparecimento de Ibraimo Mbaruco”, lê-se numa nota daquela organização de proteção da liberdade de imprensa.

Ibraimo Mbaruco, jornalista da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, desapareceu no dia 07 de abril em circunstâncias por apurar, disseram à Lusa, na ocasião, familiares e uma fonte da rádio.

Segundo o Misa, que enviou uma missão para a capital provincial de Cabo Delegado para investigar o caso, pouco antes do seu desaparecimento, Ibraimo terá enviado uma curta mensagem (SMS) a um dos seus colegas de trabalho, informando que estava “cercado por militares” e o que se passou depois é uma incógnita.

Informações obtidas pelo Misa indicam que o telemóvel de Ibraimo Mbaruco esteve ligado um dia após o seu desaparecimento e a família tentou ligar para o jornalista, mas as chamadas nunca foram atendidas.

“Se o telefone de Ibraimo Mbaruco tocou na data acima referida pelos familiares, e considerando a tecnologia de geolocalização, que se supõe estar disponível no país, é possível as autoridades, em colaboração com as entidades da justiça e com a operadora a que o número pertence, no mínimo localizarem a antena a partir da qual o telefone recebeu as chamadas, para além de verificar se o mesmo não terá sido usado para efetuar chamadas ou envio de mensagens a outros números”, observa a organização.

A Lusa tentou, sem sucesso, obter um posicionamento das autoridades moçambicanas, que, nos últimos pronunciamentos sobre o caso se têm demarcado da eventual detenção do jornalista, reiterando que o caso está sob investigação.

Várias organizações internacionais, incluindo a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e a União Europeia, manifestaram já o seu repúdio com o desaparecimento do jornalista e pediram às autoridades o esclarecimento do caso.

Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos de extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já mataram mais de mil pessoas nos últimos três anos , provocando uma crise humanitária que afetou mais de 250.000 pessoas.

Em 2019, dois jornalistas locais na região que cobriam o tema, Amade Abubacar e Germano Adriano, foram detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses, sob acusação de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações.

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