Como assegurar a paz em Moçambique

por Guilherme Rego

Duas figuras políticas, um da FRELIMO e outro antigo número dois da RENAMO, são unânimes na necessidade unir o país e desfazer a partidarização que o segrega.

Em Moçambique já foram assinados três tratados de paz desde 1992. Nenhum deles surtiu os efeitos desejados e o país voltou sempre a mergulhar em guerra. O que falhou?

Tanto Teodato Hunguana, da FRELIMO, como Raúl Domingos, antigo número dois da RENAMO, concordam que a não inclusão da reconciliação nacional como parte do protocolo do Acordo Geral de Paz, assinado em Roma, em 1992, foi fundamental para a continuação da instabilidade nacional.

Domingos era chefe da delegação da RENAMO nessa altura. O país “precisa de algo programático, que permita este convívio entre os moçambicanos. A partir deste conhecimento, podemos ter solução para outras questões. Porque uma das prioridades da paz é a confiança. Construímos a confiança e foi assim que tivemos protocolos de garantia”, disse Domingos à DW África.

O político acredita que a reconciliação deve ser dos objetivos mais ambicionados por ambas as partes, e não as eleições. “Tornar a administração pública num serviço público neutro e destinado a servir todo o povo é uma exigência que também se impõe ao nível da União Africana e das Nações Unidas, através de convenções para eleições democráticas e boa governação, entre outros importantes instrumentos nacionais e internacionais”, refere, aludindo às alegadas fraudes eleitorais de 1994, que acredita serem outra causa dos conflitos armados.

Teodato Hunguana considera que o país sofre de uma doença chamada “partidismo”. A não despartidarização do aparelho de Estado é uma falha no país e divide ainda mais os pólos. “Partidismo significa que nós ficamos em compartimentos distantes e a moçambicanidade fica dividida. Nós ficamos com uma nação da RENAMO e outra da FRELIMO. Nós não vivemos com este conceito de pátria entre nós”, disse.

“Nós vamos ver os problemas do país pelo buraco, pela janela do nosso partido. E não vamos partilhar. Eu penso que este é um drama da nossa sociedade e não estamos a deixar um bom legado que se consolide cada vez mais na nação.”, concluiu.


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