Richard Mdluli, um protegido do ex-presidente Zuma, usou o seu estatuto de chefe dos espiões para sequestrar e agredir um homem que teve a ousadia de casar com uma ex-namorada sua
Um ex-chefe das secretas na polícia da África do Sul foi enviado para a prisão na terça-feira após ser condenado pelo sequestro de um rival romântico em 1998. Juntamente com um colega da época, Richard Mdluli usou a sua patente como chefe dos espiões sul-africanos para rastrear, sequestrar e agredir um homem que teve o azar de casar com uma das suas ex-namoradas, Tshidi Buthelezi. Como epílogo deste thriller da vida real, Mdluli, agora com 62 anos, foi condenado a cinco anos de prisão na terça-feira, noticia hoje o Le Monde Afrique.
O sequestrado, Oupa Ramogibe, foi morto a tiros poucos meses depois, um assassinato pelo qual nenhum suspeito foi preso.
Richard Mdluli, considerado como um protegido do ex-presidente Jacob Zuma, chefiou o departamento de combate ao crime organizado entre 2009 e 2012.
Pelo poder dos cargos que tinha, o juiz que o condenou não esteve com contemplações em criticar os seus atos criminosos. “Estamos a lidar com dois polícias que usaram recursos aos quais os agentes normalmente têm acesso mas de forma tão abusiva que o resultado foi devastador”, disse o juiz do tribunal de Joanesburgo, Ratha Mokgoatlheng. “A única sentença adequada, na minha opinião, é a prisão”, completou.
Mdluli havia pedido para ser poupado à prisão, alegando temer contrair o coronavírus na cadeia, mas o juiz rejeitou o pedido: “Na África do Sul, é provável que todos venhamos a contrair o vírus” disse o magistrado, acrescentando que os reclusos não são atirados para a prisão “como animais”.
O antigo chefe dos espiões anunciou nesse mesmo dia que vai apresentar recurso da sentença.