Satélites ajudam agricultura

por Filipa Rodrigues
Zhang Jian, Meng Hanqi, Jin Jinxiu

Bavi, Maysak e Haishen, os três recentes tufões que afetaram a província de Jilin tiveram um forte impacto no setor agrícola e nas infraestruturas de produção de cereais da província. Porém, os satélites serviram de grande ajuda após a passagem destes desastres naturais. 

Esta zona do nordeste chinês conta com cerca de 18,5 milhões de hectares de área cultivável, e é o solo mais fértil da China. Jilin, Heilongjiang e Liaoning produziram em 2019 cerca de 138 mil milhões de quilos de cereais, mais de um quinto do total da produção nacional. O uso de tecnologia como satélites é o que tem estado a ajudar o país a continuar a desenvolver a produção e a reduzir o impacto destes desastres naturais. 

Zhang Xuemin, diretor-geral adjunto da filial de Nongan, Changchun, da empresa PICC, e responsável pela sondagem da área de terreno afetada, acentuou a importância dos satélites na avaliação dos campos agrícolas.

“Os campos agrícolas são grandes. No passado apenas dependíamos de trabalhadores que selecionavam certas áreas para inspeção”, esclareceu.

Em 2017, a empresa Chang Guang Satelite Technology, que desenvolveu o satélite ´Jilin nº1´, começou a cooperar com a empresa seguradora de Zhang Xuemin. O satélite começou a ser utilizado como instrumento de captação de imagem de alta resolução. Com o recurso a drones e em conjunto com avaliação direta no terreno, passou a conseguir-se uma inspeção profunda dos terrenos das áreas afetadas por intempéries. Zhang Xuemin assinalou que, agora, pode socorrer-se das imagens de satélite e de drones, tornando muito mais fácil e assertiva a avaliação de danos agrícolas segurados. 

“No passado esta inspeção necessitava de funcionários no local a medir e a calcular cada passo”, referiu, por sua vez, Qu Chenmei, diretora do Departamento de Aplicação da Tecnologia em Áreas Agrícolas e Florestais da Chang Guang Satelite Technology.

“O satélite ´Jilin nº1´ foi utilizado para obter imagens das produções agrícolas. Estas imagens ajudam não só os trabalhadores a identificar corretamente o tipo de terreno e cultivo em causa, como também conseguem, através da partilha de informação, avaliar o crescimento das sementes, o nível de humidade do solo e uma estimativa da produção para plantações. Esta tecnologia foi já testada no município de Nongan, em Jilin”, adiantou. 

“No passado a avaliação de seguros dependia de trabalho humano. Saiam antes do sol nascer e regressavam já tarde”, contou Zhang Xuemin, acrescentando que o uso de satélites ajudou a melhorar a eficiência destes trabalhadores. 

Várias empresas utilizam já satélites aplicados à agricultura. Han Fu, atualmente com 66 anos, cultivou a terra toda a vida e nunca pensou que a tecnologia espacial o pudesse ajudar na agricultura. 

A nova experiência de Han Fu começou em 2017, ano em que a empresa Bai Qiang Ke Ji, de Jilin, arrendou uma área de terreno para construir uma quinta moderna na aldeia de Sanye, em Haituo, Da’an. Alguns estudantes universitários ficaram encarregues do espaço e Han Fu foi então contratado como supervisor. 

A empresa conta também com um sistema de irrigação na “cloud”. Através deste sistema, imagens de satélite podem ser combinadas com a informação dos sensores nos campos para definir a topografia do local e a direção que a irrigação deve tomar. 

“É algo semelhante aos mapas de GPS que contêm informação em tempo real sobre o trânsito das estradas”, explicou Ge Yanjun, Diretor Técnico da Quinta Baiao Green, em Da’an. Basta abrir a aplicação móvel e é possível ver em tempo real os dados de monitorização dos satélites e sensores de irrigação. 

Se o solo precisar de água, o sistema irá emitir um alerta, o administrador apenas terá de abrir a aplicação no telemóvel e ativar a irrigação de forma remota. 

O sistema está a crescer. Quando estiver totalmente instalado, Han Fu e os restantes trabalhadores não precisarão de ativar manualmente o sistema de irrigação, nem de trabalhar por turnos para vigiar o terreno. 

Este ano, o Governo central avançou com a proposta de construção de grandes centros de bases de dados para a agricultura e zonas rurais, acelerando a aplicação de tecnologias de big data, blockchain, inteligência artificial, 5G e meteorologia inteligente nos campos agrícolas. 

Especialistas da área disseram acreditar que o segredo para a modernização da agricultura está no uso de ciência e tecnologia. O nordeste chinês está a liderar nesta área. Ao integrar tecnologias como a dos satélites é possível fomentar a produtividade dos agricultores, e assim contribuir para a segurança alimentar da China

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