Longe da vista

por Fernanda Mira
Fernanda Mira*

Durante estes dias realizou-se a 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Estas reuniões dos líderes dos países membros, daquela que se pode considerar como a principal organização de defesa dos direitos humanos, foram criadas com o pressuposto de unir, debater e resolver os entraves do desenvolvimento e harmonia das nações e povos.

Criada em 1945, logo após o fim da II Guerra Mundial, com o principal intuiito de impedir outro conflito como aquele, as Nações Unidas têm vindo a perder a sua influência neste particular desígnio de garantir a paz dentro e entre nações.

Esta 75ª Assembleia Geral foi realizada, à semelhança de outras iniciativas, sob os constrangimentos e regras de etiqueta respiratória, realizou-se à distância.

Confrangedor olhar para as imagens daquela sala emblemática e que deveria representar todos os povos do mundo no comum objectivo de lutar pelo bem-estar de cada ser humano.

Os representantes dos povos eleitos de forma, mais ou menos democrática, fizeram as suas intervenções no conforto dos seus gabinetes. Intervenções gravadas, controladas e com o controle máximo de cada sílaba.

Cada um no seu canto defendendo “a sua dama”. Sem azo a improvisos, emoções ou comoções.

É este o mundo em que estamos.

Cada um no seu canto à conta de uma pandemia.

Não me integrando no grupo das conspirações que alegam que este coronavírus, de nome próprio covid-19, foi criado com propósitos políticos, não deixo de assinalar que a Assembleia Geral das Nações Unidas é o espelho atual das relações políticas e diplomáticas entre as nações. Cada um no seu canto, defendendo os seus particulares interesses.

E é neste pressuposto que o presente e o futuro se me apresentam particularmente sombrios para quem pouco ou nada tem. Que o mesmo é dizer para a imensa maioria de quem habita este planeta Terra.

Todos longe da vista. Que em bom português se remata, longe do coração.

E sem emoção, sem empatia, não seremos melhores, mais honestos e mais empenhados no bem comum.

Todos perdemos. E quem já pouco tem a perder, é a esperança que morre E com ela todos nós.

*Editora da versão portuguesa do Plataforma

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