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ONG denuncia dois ataques contra jornalistas em Moçambique

A delegação moçambicana do Instituto para a Comunicação Social da África Austral (Misa-Moçambique), organização não-governamental, denunciou em comunicado dois ataques a jornalistas no país, apelando à sua investigação.

“Mais uma vez, o Misa Moçambique apela às autoridades nacionais, nomeadamente à polícia e ao Ministério Público, a empenharem-se de forma convincente na investigação de casos que representam uma verdadeira ameaça aos princípios fundamentais da liberdade de expressão e liberdade de imprensa”, disse a organização não-governamental (ONG) em comunicado.

Num dos casos, ao princípio da noite de domingo, Luciano da Conceição, correspondente do grupo alemão Deutsche Welle foi levado da sua residência na cidade de Maxixe, província de Inhambane, sul do país, por indivíduos desconhecidos.

Os sequestradores, ameaçando-o com a frase “você vai ver”, levaram-lhe um gravador de voz, dois telemóveis e a carteira com documentos pessoais.

O jornalista foi conduzido a uma praia local, tendo sido amarrado, agredido e abandonado ensanguentado.

No outro caso, três indivíduos não identificados arrancaram a câmara de filmar ao jornalista Leonardo Gimo do canal privado TV Sucesso, pelas 21:00 locais (20:00 em Lisboa) em plena via pública na capital provincial de Nampula.

De acordo com o Misa, os autores do ataque telefonaram ao jornalista de madrugada, informando-o que poderia recuperar a câmara na esquadra da polícia, exigindo que apagasse imagens de supostos membros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, que tinham participado num evento político que filmou.

A ONG referiu que o ameaçaram com outras consequências caso não obedecesse, acrescentando que outras imagens já haviam sido apagadas e que a própria polícia o terá aconselhado a evitar problemas.

Questionado pela Lusa, o porta-voz da Frelimo em Maputo, Caifadine Manasse, distanciou-se das acusações: “Repudiamos qualquer tipo de atentado contra os jornalistas ou contra cidadãos”.

“A Frelimo é um partido de paz e que defende a liberdade de expressão. Vai continuar a defender que os jornalistas tenham liberdade, direitos”, mas também “para que tenham os seus deveres”, referiu.

O Misa Moçambique manifestou “profunda preocupação pela crescente onda de perseguição e de agressões contra jornalistas”.

“Mais grave ainda é o ‘à vontade’ com que os protagonistas destes atos macabros atuam, aliado a uma contínua impunidade e incapacidade das autoridades de seguir os casos até à responsabilização criminal dos seus atores”, acrescentou.

No caso, a ONG recordou que os dois casos ocorrem num momento em que continua por esclarecer o desaparecimento de Ibraimo Mbaruco, locutor da Rádio Comunitária de Palma, na província de Cabo Delgado, raptado em 07 de abril por desconhecidos.

Na altura, Mbaruco enviou uma mensagem a um colega, dando conta de que estava cercado por militares, mas as Forças de Defesa e Segurança (FDS) distanciaram-se da acusação.

Em 27 de agosto desconhecidos atearam fogo à redação do jornal Canal de Moçambique, em Maputo, num ato condenado por várias entidades moçambicanas e internacionais.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, exigiu que os autores sejam levados à justiça.

O Canal de Moçambique é um dos principais semanários do país e tem-se destacado por trabalhar em matérias ligadas à corrupção e governação.

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