Estudo revela que sequelas da Covid-19 podem melhorar com o tempo

por Guilherme Rego

Problemas cardíacos e pulmonares foram observados em doentes que se curaram

Casos graves de Covid-19 podem deixar sequelas nos pulmões e no coração. A boa notícia é que estas tendem a melhorar com o tempo. Essas são as conclusões plasmadas num estudo realizado na Áustria e apresentado esta semana durante um congresso virtual da Sociedade Respiratória Europeia (ERS, na sigla inglesa), que termina hoje.

Investigadores recrutaram pacientes internados nos hospitais da Universidade Clínica de Medicina Interna, em Innsbruck, no Hospital St. Vinzenz, em Zams e no Centro de Reabilitação Cardiopulmonar, em Münster. Foram estudados após seis e 12 semanas de alta hospitalar. Uma terceira avaliação, com 24 semanas, foi levada a cabo, mas os resultados ainda não foram divulgados.

Cerca de 86 pacientes foram avaliados entre 29 de abril e 9 de junho, embora o número de pacientes do estudo seja agora de 150. A idade média dos doentes que padeceram de Covid-19 é de 61 anos, e a maioria eram homens, fumantes e acima do peso. O tempo de hospitalização foi, em média, de 13 dias.

Ainda durante a primeira visita, mais da metade dos pacientes apresentava ao menos um dos sintomas persistentes, em especial falta de ar e tosse. A persistência dos sintomas foi sendo menor, à medida que o tempo passou.

Análises tomográficas revelaram danos nos pulmões, nomeadamente com tecidos inflamados, em 88% dos pacientes após seis semanas de alta hospitalar. Contudo, depois de passadas 12 semanas a taxa de doentes com danos nos pulmoões caiu para 56%.

Em relação a problemas no músculo cardíaco, os médicos perceberam leves disfunções no ventrículo esquerdo, responsável pela diástole, isto é, pelo relaxamento da musculatura cardíaca, após seis semanas em 48 pacientes, que podem ser sinal de uma pré-condição cardíaca em alguns dos pacientes ou de uma condição inflamatória generalizada devido ao coronavírus.

Para os cientistas, a disfunção do coração não deve ser observada como relacionada à Covid-19 por si só, mas sim um sinal da severidade da doença como um todo. Um ponto favorável para a recuperação cardíaca é que os danos encontrados no coração não estavam relacionados à severidade dos casos.

Fisioterapia e reabilitação pulmonar

Em cerca de 15% dos pacientes observados foram sujeitos a um programa de fisioterapia e reabilitação pulmonar logo após a fase aguda da doença, o que pode estar relacionado a uma melhoria muito mais rápida.

Os investigadores afirmam ainda que exercícios de fisioterapia e reabilitação são fundamentais para acelerar esse processo, mas que a regeneração dos tecidos também pode foi observada em indivíduos que não fizeram terapia.

Apesar das conclusões, consideradas positivas pela classe durante o congresso, os autores do estudo consideram que não é possível, a partir dos resultados observados, extrapolar conclusões para todos os pacientes de Covid-19.

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