Ativistas debatem proibição de plástico de uso único com Governo de Macau

por Guilherme Rego

Ativistas de Macau disseram hoje à Lusa que debateram com o Governo a proibição do plástico de uso único, reciclagem e poluição marítima no território, com uma das maiores produções de lixo ‘per capita’ do mundo.

O diretor da Direção de Serviços de Proteção Ambiental (DSPA), Raymond Tam, reuniu-se, na quinta-feira passada, com membros de associações ambientais da Green Student Union, Macau for Waste Reduction, Macau ECOnscious e a Associação Novo Macau, numa reunião que serviu para “monitorizar” o trabalho de proteção ambiental que está a ser feito, disse à Lusa o fundador da Macau ECOnscious, Gilberto Camacho.

Por seu lado, a ativista e fundadora da Macau for Waste Reduction Annie Lao considerou que “a resolução da deterioração do ambiente não pode mais esperar e o Governo precisa de tomar medidas imediatas”.

“Ainda me sinto desapontada com os trabalhos lentos feitos pelo Governo em termos de limitar a utilização de plásticos de uso único na cidade, tais como os casos dos supermercados”, frisou.

No mais recente relatório ambiental de 2019, as autoridades apontaram que “as quantidades de resíduos sólidos urbanos, de resíduos sólidos urbanos descartados ‘per capita’, de resíduos de materiais de construção registaram aumentos em diversos graus em comparação com 2018”.

O relatório indicou que em Macau foram descartadas 550.249 toneladas resíduos sólidos urbanos, num aumento de 5,3% em relação a 2018.

Em 2019, a quantidade ‘per capita’ diária de resíduos sólidos urbanos descartados foi de 2,24 quilogramas, mais 3,2% que no ano anterior, num território com cerca de 650 mil habitantes. No ano passado, Macau recebeu quase 40 milhões de visitantes.

Ainda assim, de acordo com o mesmo relatório, “para além de se ter registado em 2019 uma diminuição na quantidade de papéis recolhida, verificaram-se aumentos em diversos graus nas quantidades de resíduos alimentares, de plástico, de metais e de vidro recolhidas”. Só de plástico, as autoridades reciclaram mais 21,7% em comparação com 2018.

“A DSPA está a fazer ‘alguma coisa’, mas não é suficiente e nós não estamos satisfeitos”, sublinhou Annie Lao.

A partir de novembro de 2019, as autoridades impuseram o pagamento de uma pataca (cerca de 11 cêntimos de euro) por saco plástico de uso único, uma luta antiga de Gilberto Camacho, que durante vários anos tentou pressionar as autoridades de Macau a imporem esta regra.

Esta ideia e luta, começou após uma ida a Portugal, em 2014, onde constatou que os supermercados cobravam 10 cêntimos às pessoas por cada saco de plástico, explicou o ativista.

Durante a reunião, segundo Gilberto Camacho, as autoridades disseram que pretendem avançar, para o ano, com medidas de combate às embalagens de comida ‘take away’, muito populares em Macau.

A ideia passa por substituir estas caixas por um material biodegradável, explicou.

Também presente no encontro, a Associação Novo Macau indicou, em comunicado, que o diretor da DSPA disse que as autoridades tem estado a estudar a proibição a importação de embalagens de esferovite em 2021.

“Uma vez que os contentores de esferovite ainda estão a ser utilizados para conter marisco fresco e vivo importado do continente [chinês], a DSPA irá cooperar com o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) para promover a reutilização desses contentores de esferovite até que estejam disponíveis alternativas adequadas no mercado”, de acordo com a mesma nota.

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