“Pilhagem desenfreada dos recursos marinhos deixa África empobrecida”

por Rute Coelho
Mateus Cavumbo

O professor titular e chefe do Departamento de Estudos Globais e Assuntos Marítimos da Universidade da Califórnia (EUA), Assis Malaquias, alerta, na entrevista ao Jornal de Angola, que o maior desafio de segurança marítima no continente não é a pirataria, mas a pilhagem desenfreada dos seus recursos ao seu redor

Na entrevista, o professor Assis Malaquias denuncia que há frotas pesqueiras internacionais que estão estacionadas nas águas africanas e a roubar os recursos piscatórios, aproveitando-se da fraca fiscalização e inexistência de meios tecnológicos por parte da maioria dos países africanos.

Como olha para as questões estruturais e económicas em África derivadas por crises e pandemia mundial?

Questões estruturais são questões de fundo. Em África, estas questões estão relacionadas com os modelos políticos, económicos e de segurança que foram adoptados pelos países africanos depois das independências. Estes modelos ainda não resultaram na estabilidade política, desenvolvimento económico ou segurança para os Estados e dos seus cidadãos. As grandes preocupações, tanto dos Estados africanos, tanto como dos seus cidadãos são muito básicas: como estabelecer e manter regimes democráticos? Como alcançar índices de desenvolvimento que permitam proporcionar necessidades básicas para os cidadãos? Como garantir a segurança dos Estados e a segurança das pessoas? Estas são algumas questões de fundo que ainda estão por ser resolvidas em África. Ainda temos golpes de Estado, exsurgências, muita corrupção e pobreza. Estas são as questões de fundo, as mais estruturais que perduram em África.

Como ultrapassar os entraves que acabou de os mencionar?

Nos últimos dez anos, tive a oportunidade de visitar a maioria dos países africanos. A questão de como ultrapassar os constrangimentos estruturais foi das que mais me foi feita. Os jovens, principalmente, querem entender o relacionamento entre as questões estruturais e as questões conjunturais. Os líderes querem saber como conseguir ultrapassar estes constrangimentos e, finalmente, oferecer a boa governação, desenvolvimento e segurança para os cidadãos.

E qual é a resposta?

A África tem que encontrar os seus próprios modelos políticos, económicos e de segurança. Os modelos ocidentais têm dificultado o continente, a exemplo do modelo chinês. Só o modelo africano é que será bem sucedido em África. Mas as pessoas dizem “Professor, mas o modelo africano não existe.” Aí está o grande desafio. Outros povos pelo mundo fora também encontraram desafios semelhantes. Alguns conseguiram encontrar modelos adequados. Hoje, estes são os países considerados desenvolvidos. Outros ainda estão à procura. Estes são os países chamados subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Todos os países africanos estão no segundo grupo, dos subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.

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