Plano sem cor de futuro

por Filipa Rodrigues
Paulo Rego
Paulo Rego

O Plano Diretor para Macau tem duas ou três notas positivas, com destaque para a proteção do “pulmão” verde em Coloane, ou os epílogos das novelas metro de superfície e Hospital da Taipa. Mas não surpreende ninguém; não traduz especial visão estratégica, nem constrói pontes para um futuro que, sendo certamente diferente, não tem base estratégica para que os empresários decidam investimentos e a massa crítica escolha  a sua especialização.

A diversificação económica, bem como a corrida a Leste… Grande Baía adentro, fixam o horizonte próximo. Contudo, para lá chegar, há muita pedra por partir, muitos caminhos a percorrer e pontes a atravessar. Não é necessariamente num plano diretor que o futuro se revela. Mas muitas vezes ali se revela um contexto, uma narrativa política, um gesto do regime… Não há sinais dessa atitude. Antes se vê a sua ausência. A centralidade do Tap Seac, ou infraestruturas culturais de referência, que a anterior Administração tentou introduzir, tarde e a más horas, ainda tinham esse condão. No desenho dos novos aterros a novidade é zero; na projeção de zonas comerciais e/ou industriais idem aspas.

Acreditemos ao menos que neste novo ciclo a voz grossa do outro lado da fronteira se faça ouvir mais alto neste caso.

Não há, como aliás nunca houve, uma consciência ambiental que vá mais longe do que proteger Coloane da pressão imobiliária. Promessas leva-as o vento, como já tantas vezes ali aconteceu. Acreditemos ao menos que neste novo ciclo a voz grossa do outro lado da fronteira se faça ouvir mais alto neste caso.

É pena que este plano não tenha um toque identitário. Que bem podia ser o da sustentabilidade. Macau, com dimensão, e invejável capacidade de financiamento – público e privado – poderia ser um exemplo na nova vaga que se adivinha no planeta: inovação tecnológica ligada à sustentabilidade, à economia azul, a novos hábitos de produção, consumos e comportamentos.

Não há nada neste plano que nos indique nada disso. Porque, nesse ponto particular, o plano é mais do mesmo: ser o que sempre fomos. 

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