“Erva mágica” para combater tempestades de areia

por Filipa Rodrigues
Wang Xuebing

A leste do deserto Wulan Buheç na Liga Alxa da Mongólia Interior, pode ver-se o Rio Amarelo decorado de verde-esmeralda. O Centro de Investigação Nacional Chinês de Tecnologia juncao, juntamente com uma empresa local da Liga Alxa, está a testar uma forma de utilizar estas plantas do deserto, conhecidas como “juncao” (Pennisetum giganteum z.x.lin), para criar uma “base de controlo de areias” e testar a respetiva capacidade de resistência ao vento e areia. 

Juncao é uma planta usada para cultivar fungos para consumo ou uso medicinal. Devido ao rápido crescimento, raiz desenvolvida e vegetação alta. Há 23 anos, a partir de 1997, esta tecnologia começou a ser aplicada ao sistema de controlo ecológico do Rio Amarelo. 

Em 2013, Lin Zhanxi, criador da tecnologia juncao e professor na Universidade de Agricultura e Silvicultura de Fujian, liderou uma equipa de investigação para testar a capacidade de resistência ao vento e de fixação do solo com juncao no deserto Wulan Buhe, na margem oriental do Rio Amarelo. 

“Devido ao impacto da pandemia, apenas em maio deste ano foi feita a plantação de juncao. As que agora se veem aqui foram plantadas há 105 dias e já atingiram uma altura acima do solo de quase três metros”, esclareceu Yu Shikui, vice-diretor do Centro de Investigação Nacional Chinês de Tecnologia juncao, enquanto verificava o crescimento da plantação. 

Os índices anuais pluviométrico e de evapotranspiração neste deserto são de 102,9 mm e de 2258,8 mm, respetivamente. A região possui assim um clima típico do continente, seco, com temperaturas elevadas, ventoso e com pouca chuva, assim como frequentes tempestades de areia que fazem com que as águas do Rio Amarelo estejam constantemente a arrastá-la para o mar. 

Este ano foram plantados um total de 104 mil metros quadrados de juncao. Olhando para a vegetação, Yu Shikui não conseguiu conter um suspiro. “Quando cá viemos pela primeira vez em 2013, era tudo deserto, nenhuma vegetação”, lembrou. O controlo de grandes desertos é um problema global, e desde o início da investigação têm sido exploradas formas de plantar juncao, garantindo que o fazem de forma saudável. Investigadores têm analisado diferentes espécies de juncao para assim conseguirem oferecer uma nova forma de fixação do solo e controlo de desertificação em áreas áridas e semiáridas. 

O resultado da mais recente investigação desta técnica mostra que a plantação de juncao com 153 dias de crescimento do deserto Wulan Buhe conseguiu uma distribuição das raízes ao longo de 20,41 metros quadrados, ou seja, são necessários entre 60 a 80 dias de crescimento para a fixação do solo. 

Yu Shikui referiu que apesar de todos os desafios, têm explorado várias espécies de juncao para controlo ecológico e industrialização, incluindo fixação de solo, para uso na indústria pecuária, para a conservação de plantação agrícola e controlo de desertificação. Todas estas experiências servirão como base científica para o uso ecológico de juncao na proteção do Rio Amarelo e para desenvolvimento desta tecnologia. 

“Neste momento existem 22 tipos de juncao nas margens do Rio Amarelo. Até 2021 esperamos construir uma barreira ecológica de 1.000 quilómetros ao longo das duas margens e transformar esta tecnologia agrícola numa indústria de proteção ecológica emergente nesta região”, apontou Lin Dongmei, vice-diretor do Centro de Investigação Nacional Chinês de Tecnologia juncao.

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