Suíça congela 900 milhões de dólares do genro de Agostinho Neto

por Rute Coelho

A Justiça suíça decidiu manter congelados 900 milhões de dólares da conta do empresário angolano Carlos de São Vicente, por suspeitas de lavagem de dinheiro

A notícia do reputado blog judicial suíço Gotham City cita o despacho do Ministério Público da Suíça, e tem sido replicada por vários órgãos de comunicação social angolanos e pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em ingês), que divulgou o próprio documento judicial em que constam as acusações.

De acordo com o ICIJ, foram sete as contas congeladas do ex-presidente da AAA Seguros Carlos Manuel de São Vicente, que é marido de Irene Alexandra da Silva Neto, antiga deputada e filha do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto.

Destas sete contas congeladas, os fundos de seis delas foram já libertados, mantendo-se congelada a conta que tem cerca de 900 milhões de dólares, o equivalente a mais de 752 milhões de euros.

“O meu cliente refuta fortemente as acusações contra ele”, disse a advogada Clara Poglia em declarações ao ICIJ, acrescentando que o cliente “confirma que sempre agiu em acordo com a lei e isso será demonstrado no quadro do processo criminal”.

Nas declarações ao ICIJ, a advogada alerta ainda que “qualquer publicação de aspetos relacionados com este procedimento viola o princípio da inocência [de Carlos São Vicente], bem como os seus direitos pessoais”.

As autoridades suíças alegam que entre 2012 e 2019 o empresário transferiu quase 900 milhões de dólares da companhia de seguros para as suas contas, algo que só foi descoberto quando o banco SYZ alertou para uma transferência de 213 milhões de dólares, de acordo com os documentos da acusação divulgados no site do ICIJ.

“É pouco comum para um presidente executivo e do conselho de administração ter em sua posse fundos pertencentes a uma companhia, ainda para mais uma seguradora regulada pelo Estado, apesar de ter, neste caso, poder de representação individual da companhia”, lê-se na acusação divulgada pelo consórcio de jornalistas.

Nos documentos, segundo o blogue Gotham City, Carlos São Vicente é citado a explicar que os 213 milhões de dólares transferidos entre contas eram um reembolso parcial de empréstimos, mas o Ministério Público argumenta que os contratos usados para sustentar a explicação foram criados só depois das transferências de dinheiro e só depois de o banco pedir mais informações”.

Outra das ‘bandeiras vermelhas’ terá tido a ver com o pedido feito por Vicente para transferir a totalidade da sua fortuna no banco de investimento e gestão de ativos SYZ para Singapura, algo que o empresário explica com um descontentamento com a gestão das suas finanças.

A empresa petrolífera angolana, a Sonangol, tem uma participação de 10% na AAA Seguros, que foi dissolvida já este ano.

Ainda segundo o Gotham City, as autoridades angolanas não responderam ao pedido de ajuda feito pelas autoridades judiciais suíças.

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