A Bolsa e a vida…

por Arsenio Reis
Arsénio Reis

Neste pandémico mês de agosto ficamos a saber que o valor em Bolsa de uma só empresa ultrapassou os dois biliões de dólares. Falo da Apple, que é a primeira empresa norte-americana a atingir tal valor. A única a atingir esse valor em todo o mundo, em dezembro, foi a petrolífera Saudi Aramco.

O feito da Apple foi conseguido – ainda por cima – em apenas 24 meses. Há dois anos valia um bilião, ou seja, metade do valor agora atingido.

A Covid-19 ainda levou os responsáveis da Apple a temer o pior, mas rapidamente vieram anunciar que tinham conseguido recuperar o seu ritmo de crescimento. A explicação é simples: a pandemia na China foi mais ou menos controlada e com isso foi possível a retoma da capacidade de produção da mais valiosa empresa americana.

Bolsas de valores e vida são coisas que dificilmente combinam expectativas. A economia da esmagadora maioria dos países do mundo está em queda. Na União Europeia e nos Estados Unidos, ou no Japão, a queda do PIB ronda os dois dígitos. Só a China cresce um pouco acima dos 3%.

Nada parece importunar o crescimento dos mercados. O índice mundial das bolsas revela um crescimento de 20% no segundo trimestre do ano, isto é, entre abril e junho. Até em Portugal enquanto a economia caia 16% – nesse trimestre – o PSI-20 registava ganhos de 12%.

Nada parece relacionar a economia real e os mercados bolsistas, mas há explicações admissíveis. Uma delas o valor de empresas tecnológicas como a Apple, mas também o Facebook, a Amazon, a Netflix, a Google, a Nvidia, a Tesla, o Twitter e as chinesas Alibaba e Baidu. Em conjunto, essas empresas aumentaram o seu valor em 55%, desde o início do ano.

Para além disso, há liquidez que permite o investimento e taxas de juro reais particularmente baixas.

O clima de euforia só existe, para já, nos mercados e boa parte das organizações internacionais assume que a recuperação da crise provocada pela Pandemia vai demorar, pelo menos, dois anos.

Resta a esperança de que as Bolsas, como muitas vezes se diz, olhem para a frente e antecipem por isso o otimismo que vai marcar o futuro no médio prazo. Para já parecem estar longe do que se sente na vida económica dos vários países.

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