Procura por máscaras reutilizáveis “made in Macau” excede oferta

por Filipa Rodrigues
Meimei Wong

“Quando a epidemia teve início em Macau, questionámos o porquê de a cidade não fazer as próprias máscaras. Porque é que tinham de vir de fora?”, comenta Amy Wong, criadora das máscaras mo-19. Quando em Hong Kong surgiram máscaras com uma tecnologia de micropartículas de prata (SMP) antibacterianas, quisemos utilizá-la para criar máscaras reutilizáveis. 

Amy Wong esclarece que uma vez que Macau não possui fábricas capazes produzir a linha em que são inseridas as micropartículas e por isso esse trabalho é realizado, em Shandong. Uma vez produzido esse fio, o mesmo segue para Shaxi, Zhongshan, para ser transformado em tecido. Esta unidade fabril em Zhongshan, todavia, só começou a aceitar encomendas no passado mês de abril. Só depois dessa data o tecido foi reencaminhado para Macau onde as máscaras são produzidas.“Em maio começámos a trabalhar com uma fábrica têxtil local, assumimos a responsabilidade de lhes fornecer o tecido e ao mesmo tempo possibilitámos que os respetivos funcionários continuassem a trabalhar”, adiantou.

Amy acrescentou que apesar de o produto final apenas ter sido lançado em junho e ter dessa forma perdido o período em que as máscaras tinham maior procura, o primeiro lote de 3.000 máscaras esgotou rapidamente após uma campanha de promoção pública e nas escolas.

 “Agora não temos oferta suficiente. Algumas empresas encomendaram 50 mil máscaras, e este é um mercado grande, mas a fábrica de Macau não consegue acompanhar. Mesmo assim insistimos em manter as nossas máscaras “Produzidas em Macau” e não planeamos contactar qualquer outra fábrica têxtil. Esperamos, no entanto, que os residentes continuem a procurar máscaras feitas em Macau. Se produzíssemos no continente conseguiríamos receber muitas mais encomendas e responder à procura”, acrescentou. 

A responsável não excluiu, todavia, a possibilidade de acabar por produzir as máscaras no Vietname, Malásia ou continente. 

Sum Chao, outro dos criadores da mo-19, contou que estas máscaras têm uma capacidade de filtragem igual à das máscaras cirúrgicas. A respetiva camada interior é de tecido com uma tecnologia de micropartículas de prata (SMP) antibacterianas, e a camada exterior é impermeável. 

Os três fundadores da mo-19 Máscaras Reutilizáveis (da esquerda para a direita) Amy Wong, Sum Chao e Cheong Keong

Estas possuem ainda uma capacidade de filtragem de 95 por cento das partículas e 99 por cento das bactérias. É mesmo assim recomendado que se substitua a máscara após um longo tempo de uso ou caso o tecido esteja danificado. 

Cheong Keong, outro dos fundadores da mo-19, partilhou que existem atualmente muitos produtos com tecnologia antibacteriana de prata, mas grande parte utiliza nanopartículas ionizadas. A tecnologia SMP baseia-se na atração entre cargas negativas e positivas. Em geral, a camada exterior das bactérias tem uma carga negativa, e as partículas de prata possuem uma carga positiva. Quando as bactérias entram em contacto com as micropartículas da máscara, são atraídas e a sua estrutura é destruída. 

Disse esperar que esta tecnologia impulsione o desenvolvimento desta indústria em Macau, possibilitando que estes produtos sejam depois vendidos no resto da Área da Grande Baía e até em países lusófonos. 

Máscaras descartáveis são mais baratas do que as reutilizáveis, e o Governo anunciou um plano de fornecimento de máscaras em fevereiro. Todavia, as máscaras de tecido continuam a ser muito populares. 

Amy Wong considerou que as preocupações relacionadas com a proteção ambiental e a moda são as principais razões que levam a que os residentes de Macau escolham máscaras reutilizáveis. 

Para Sum Chao há uma explicação: “É como a diferença entre o conforto de uma roupa interior descartável e uma lavável, o tecido é sempre uma escolha mais confortável”. 

Amy admitiu mesmo assim que devido à baixa margem de lucro das máscaras, ainda não conseguiram recuperar o respetivo custo desde o lançamento. São os próprios fundadores que são responsáveis pela logística, marketing e tecnologia do produto, e apenas o design das embalagens envolve custos exteriores, ou seja, o preço por unidade é inferior a outras máscaras reutilizáveis. 

“Queremos partilhar com todos que Macau também consegue produzir mascaras reutilizáveis. Queremos ver a população local a usar produtos locais. Se, além disso ainda conseguirmos ter lucro, melhor, mas desde que não haja prejuízo vamos continuar”, assegurou. 

As máscaras reutilizáveis mo-19 podem ser encomendadas online através da página da empresa na rede social Facebook e em algumas lojas em Macau.

DSE

A Direção dos Serviços de Economia, em resposta ao PLATAFORMA, afirmou que até 13 de agosto receberam 11 candidaturas para autorização de produção de máscaras. No total foi emitida uma licença a uma fábrica e licenças temporárias a sete locais de produção. Entre estas, apenas a Fábrica Têxtil Lei Un recebeu a licença industrial para produção de máscaras reutilizáveis. A Fábrica de Ciência da Vida Ásia-Pacífica de Macau, o Laboratório Farmacêutico Alemão (Macau) Lda., a Macau Artisan, a 853 Face Mask, a AS King, a Macau Nanopac, e a fábrica Lianao estão apenas a produzir máscaras cirúrgicas e existem outras três candidaturas em avaliação.

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