O provedor de justiça de Moçambique alertou hoje para a “situação deplorável” nos centros de acolhimento de deslocados devido à violência armada em Cabo Delgado, considerando fundamental o envolvimento de todos para travar a “agressão terrorista” que o país enfrenta.
“As pessoas deixaram de estar nas suas casas, abandonaram as suas machambas [hortas], o seu património e estão a viver em condições deploráveis nos centros de acolhimento”, alertou Isaque Chande, falando à comunicação social em Maputo, à margem do lançamento do Plano Estratégico do Provedor de Justiça 2020-2024.
Embora admita que o conflito torna complexa a missão de assegurar os direitos fundamentais das pessoas na região, o provedor de justiça de Moçambique pede o envolvimento de todos para travar a “agressão terrorista” que o país enfrenta, alertando que a violência está a ter “grande impacto na vida das pessoas”.
“O esforço que o país deve fazer é naturalmente encontrar formas de conter esta agressão que está ser movida contra o Estado e aí temos de estar todos envolvidos. Isto não é uma questão de filiação político-partidária, mas sim de interesse nacional”, frisou Isaque Chande.
Também o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, Luís Bitone, alertou para as condições dos deslocados em Cabo Delgado, destacando a insuficiência de alimentos nos centros de acolhimento.
“Estivemos lá [em Cabo Delgado] e notámos que a situação não é boa. Estamos muito preocupados com os deslocados. Temos o problema da insuficiência de condições básicas: alimentação e tendas”, declarou Luís Bitone.
De acordo com as Nações Unidas, a violência armada, classificada pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista naquela província do Norte de Moçambique, levou à fuga de mais de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.
A capital provincial, Pemba, tem sido o principal refúgio para as pessoas que procuram abrigo e segurança em Cabo Delgado, mas há quem prefira fugir para outros distritos e até províncias da região, com destaque para Nampula
Desde a eclosão dos ataques em outubro de 2017, pelo menos 1.059 pessoas perderam a vida em resultado dos conflitos, além da destruição de várias infraestruturas.