Assimetria da vacina

por Fernanda Mira
Fernanda Mira*

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta terça-feira, 25, que a poliomielite está oficialmente erradicada no continente africano. Foram muitas as palavras de regozijo nos discursos proferidos na ocasião. E bem. Pois esta doença matou e inviabilizou a vida a milhões (muitos milhões) de crianças em todo o continente.

Portanto, uma data para fixar no calendário: 25 de agosto de 2020. Segunda década do século XXI.

Quando se avança na leitura do anúncio da OMS, lá quase em nota de ropadé, ficamos a saber que existe uma vacina desde a década de 50 do século XX. Isso mesmo, meados do século passado.

Foram precisos 70 anos para que a vacina – desenvolvida por Jonas Salk, em 1955 e cuja versão oral entrou em uso comercial em 1961 – tivesse uma aplicação vasta e consistente capaz de eliminar o poliovírus selvagem de África.

Também em jeito de rodapé, digo que em Portugal a campanha de vacinação teve início em 1965 e a doença foi considerada extinta no país em 1986.

A erradicação desta nefasta doença foi possível graças ao empenho e ao esforço de muitos, Muito em particular, das organizações internacionais que não desistiram de pressionar governos e milionários para o apoio à causa da vacinação no continente.

Foi necessária muita pressão de ter de explicar uma doença que já quase ninguém se lembra ou sequer sabe o que é nos países desenvolvidos. Felizmente, diga-se.

Acrescento que, em média, uma dose desta vacina tem um custo de 25 cêntimos…

Uma vez mais país mais ricos versus países mais pobres.

Há dúvidas sobre quais serão os primeiros países e as primeiras pessoas que irão ter acesso à possível vacina contra a covid-19? Eu cá tenho poucas.

*Editora da edição portuguesa do Plataforma

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