Documentos revelam migração secreta dos ricos da China, liderada pela mulher mais rica da Ásia

por Guilherme Rego

Yang Huiyan, com uma fortuna estimada em 20,3 mil milhões de dólares, está entre os mais de 500 chineses que a Al Jazeera afirmou ter recebido um ‘visto gold’ cipriota nos últimos anos

Mais de 500 chineses obtiveram a cidadania da União Europeia no Chipre entre 2017 e 2019, incluindo a mulher mais rica da Ásia, de acordo com documentos – ‘Cyprus Papers’ – que foi obtido pela cadeia de televisão Al Jazeera.

O documento, que supostamente contém informações sobre 2500 migrações para o Chipre durante esse período, parece desvendar os planos secretos de migração da elite chinesa.

A Al Jazeera, emissora estatal do Qatar, não divulgou a lista completa de imigrantes que obtiveram cidadania no Chipre através dos ‘vistos gold’, já que a divulgação concentra-se em pessoas com antecedentes que podem violar as regras de obtenção de cidadania em países da União Europeia. Entre os mais de 500 candidatos chineses aprovados, a emissora divulgou oito nomes, liderados por Yang Huiyan, principal proprietária da imobiliária chinesa Country Garden.

Yang foi nomeada pela Forbes como a sexta mulher mais rica do mundo em 2020, com uma fortuna de 20,3 mil milhões de dólares. A Country Garden não respondeu aos diversos pedidos de comentários.

É legal para os cidadãos chineses solicitarem residência permanente ou cidadania em países estrangeiros. No entanto, quando um cidadão chinês obtém a cidadania estrangeira, isso pode resultar na perda automática da sua cidadania chinesa, pois a China não reconhece a dupla nacionalidade.

Entre os oito candidatos chineses nomeados pela Al Jazeera, cinco, incluindo Yang, foram divulgados porque poderiam ser vistos como “pessoas politicamente expostas” por causa da sua própria filiação ou por causa da filiação da sua família no Partido Comunista chinês.

A riqueza de Yang veio principalmente de seu pai, Yeung Kwok Keung. Ele é membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), o principal órgão consultivo político de Pequim.

O documento que foi agora divulgado mostra que Yang recebeu a cidadania cipriota a 23 de outubro de 2018.

A segunda “pessoa politicamente exposta” chinesa é Lu Wenbin, um delegado do Congresso do Povo de Chengdu. De acordo com o documento fornecido pela Al Jazeera, Lu obteve um passaporte cipriota em julho de 2019. Lu é o presidente da Sichuan Troy Information Technology, uma empresa de rede de computadores com sede na cidade.

Chen Anlin, membro da CCPPC no distrito de Huangpi de Wuhan, na província de Hubei, e diretor da CECEP Central China Industry Development, uma subsidiária do Grupo de Conservação de Energia e Proteção Ambiental da China, obteve a cidadania cipriota em julho de 2018; Fu Zhengjun, que era membro do comité municipal da CCPPC para a cidade de Jinhua, na província de Zhejiang, de 2011 a 2017, recebeu um passaporte cipriota em novembro de 2017; e Zhao Zhenpeng, membro da CCPPC local de Binzhou, na província de Shandong, obteve sua cidadania em fevereiro de 2019, revelou também a Al Jazeera.

Recorde-se que, há cerca de um ano, Sun Xiang, um delegado do Congresso do Povo de Hebei, foi destituído do seu título de membro dois dias depois que foi encontrado na posse de um passaporte de Saint Kitts e Nevis, emitido em 2011. Também no ano passado , Zhou Yanbo, presidente de uma escola particular, foi destituído do Comité Consultivo Político do Povo de Shanxi por esconder a sua autorização de residência canadiana, embora o documento tivesse expirado em 2018, e não tenha havido lugar a renovação.

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