Novo Porto de Hengqin quer criar “fronteira inteligente”

por Filipa Rodrigues
Wendi Song

Às 15h00 da última terça-feira, He Hongkai, vice-diretor do Posto Fronteiriço de Gongbei, inaugurou oficialmente o novo canal fronteiriço de Hengqin e, num gesto simbólico, ofereceu ao primeiro utente das instalações um ramo de flores. O homem, de apelido Liu, primeiro da fila, avançou rapidamente pelas instalações, em direção a uma sala onde mostrou o respetivo “Código de Saúde de Guangdong” a um dos funcionários. Os procedimentos de inspeção de saúde decorreram sem problemas. 

“Parece-me que a sala de inspeção de passageiros é maior e espaçosa, a aprovação fronteiriça é também muito mais simples. Todo o processo é agora extremamente conveniente”, comentou Liu, radiante, por ser o primeiro cidadão a circular no novo posto. Liu é residente de Macau e trabalha em Hengqin e, por isso, vai ser um dos utilizadores quase diários desta fronteira. Neste dia, em particular, tinha de voltar a Macau mais cedo e decidiu experimentar pela primeira vez a funcionalidade do novo porto de Hengqin. Após ter passado a fronteira, Liu relembrou que, habitualmente demora 15 minutos a passar o posto da Ponte Flor de Lótus até chegar a Macau. Agora, com as novas instalações, após passar pela zona reservada a quem atravessa a fronteira, em apenas um minuto está na cidade. 

Com a inauguração do novo posto fronteiriço espera-se que a capacidade diária do porto de Hengqin cresça de 25 mil utilizadores diários para cerca de 220 mil, e de 2.700 veículos para 7.000. Anualmente espera-se que esta fonteira sirva cerca de 80 milhões de pessoas. Tendo em conta que apenas a fronteira do posto de Gongbei recebeu cerca de 145 milhões de pessoas em 2019, a abertura do novo porto de Hengqin vai reduzir largamente o volume de passageiros em Gongbei. 

Combate à pandemia é foco de atenção

As medidas de controlo e prevenção epidémicas do porto de Hengqin têm atraído a atenção do resto do mundo. 

Na nova área de inspeção de Hengqin existe um sistema de medição de temperatura corporal de infravermelhos, monitorização de fatores e níveis nucleares e biomédicos e microclima, tal como uma rede virtual de supervisão de quarentena. Este sistema processa fotografias, temperatura corporal e sinais de qualquer produto nuclear ou biomédico que possa ser prejudicial durante o processo de atravessamento fronteiriço, fornecendo assim uma avaliação fiável do utilizador. Deste modo, ajuda a criar um sistema seguro e conveniente de fronteira, sem qualquer interferência humana. 

O modelo de “inspeção fronteiriça integral” possibilita que existam mecanismos de medição de temperatura a infravermelhos em ambos os lados da fronteira, monitorizados coletivamente e em tempo real por funcionários dos dois postos. O local onde se realiza a partida é responsável pela inspeção de possíveis riscos de saúde e deve apresentar as pessoas que apresentem sinais suspeitos ao posto de chegada através de uma sala especial. Cabe depois ao posto da chegada investigar a situação e fazer a devida avaliação. 

Zhang Xi, diretor do Gabinete de Fronteira de Hengqin esclareceu ainda que “existe uma sala específica para a troca de passageiros entre os dois postos com pressão negativa, para garantir que os passageiros de risco são avaliados em segurança”.

Posto fronteiriço digital, supervisão inteligente

Com o modo de “inspeção fronteiriça integral” adotado em Hengqin, os passageiros apenas precisam de fazer uma única fila para ter os respetivos documentos inspecionados e completar todas as formalidades de entrada e saída. Esta nova eficiência deve-se ao uso de grandes quantidades de equipamentos de alta tecnologia. 

O Porto de Hengqin está equipado com a tecnologia de TC (tomografia computorizada) mais avançada da China, que rapidamente consegue ver o interior das bagagens dos passageiros e a partir de qualquer ângulo com recurso a tecnologia 3D, sem necessidade de abrir fisicamente as malas. Esta tecnologia permite visualizar integralmente todo o conteúdo das bagagens, sendo também possível detetar explosivos, incluindo líquidos, narcóticos e outros objetos proibidos. O sistema foi construído com o público específico deste porto em mente, conseguindo assim ajustar a inspeção em conformidade com os objetos detetados e descobrir qualquer possível cidadão com objetos para comércio paralelo.

A nova área de inspeção de passageiros do Porto de Hengqin utiliza um sistema visual com modelos 3D para monitorizar toda a área fronteiriça. Uma análise inteligente da gravação de vídeo e mapeamento em realidade aumentada (RA) é combinada com os modelos 3D para garantir que é detetada qualquer possível anormalidade. 

O Porto de Hengqin e o Centro de Transporte Integrado cobrem uma área de 345 mil metros e possuem uma área de construção de 1,3 milhões de metros, incluindo a área portuária, o centro de transportes e uma zona de comércio. A segunda fase de construção do canal de entrada e saída do porto de Hengqin, da sala de inspeção e da ligação entre a Universidade de Macau e o porto está também a ser acelerada, com previsão de inauguração até ao final de 2021. 

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