Bispo de Pemba garante que “ninguém vai silenciar a igreja”

por Guilherme Rego

Dom Luiz Fernando Lisboa garantiu que está de consciência tranquila depois das críticas que foi alvo por parte dos “amigos do regime”. Em entrevista à Deutsche Welle, o bispo de Pemba fala sobre os ataques terroristas em Cabo Delgado

Dom Luiz Fernando Lisboa, em entrevista à Deutsche Welle África, refere que vê tudo isto “com serenidade”. “Não será a última e nem sou o único atingido. Muitas pessoas são atacadas por falarem a verdade, por trabalharem pela justiça, por defenderem os mais fracos”, acrescenta.

“Há pessoas que pensam que os religiosos só devem ficar dentro da igreja a rezar. Nós trabalhamos com as pessoas, estamos ao lado das pessoas e sobretudo das que mais sofrem. Esse foi o exemplo que Jesus deu e nós não podemos fazer diferente”, disse ainda, garantindo que ninguém irá calar a Igreja Católica: “Ninguém vai silenciar a igreja, ninguém. E tomara que essas pessoas percebam que quanto mais fizerem isso, mais vão ser ridicularizadas, porque aqueles que entendem a missão e o trabalho da igreja vão reagir, mesmo que eu não reaja, e eu não vou reagir, vou continuar. Ninguém vai calar a igreja”.

As críticas subiram de tom nos últimos tempos, muito por culpa de um artigo assinado pelo jornalista moçambicano Gustavo Mavie, onde apontava o dedo ao bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, acusando-o de conluio com as forças terroristas que têm criado um clima de terror em Cabo Delgado.

Também à Deutsche Welle África, o polémico jornalista, frequentemente conotado com o regime político em vigor, justificou as suas acusações: “Andei a citar o que ele diz na carta pastoral de 18 de julho de 2019. Esse bispo, no lugar de apoiar e ajudar o Governo a pensar melhor em como resolver os problemas, está a bater na entidade errada. A mim não me parece justo ele culpar o Governo que é liderado por uma pessoa que até é capaz de conversar com o diabo”, explicou Mavie, exaltando o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi.

O jornalista deixou claro no seu artigo onde apontou o dedo ao bispo de Pemba que não é contra a Igreja Católica, mas sim contra “maus padres”. O texto já deu azo a uma contestação geral na sociedade civil, com diversas personalidades moçambicanas a insinuarem que o bispo estaria, ainda que involuntariamente, a apoiar a insurgência.

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