“Bispo está tranquilo”, apesar das acusações de conluio com insurgentes em Cabo Delgado

por Guilherme Rego

Um dos grandes denunciantes do que se tem vindo a passar no Norte de Moçambique tem vindo a ser acusado de ser apoiante dos insurgentes islâmicos em Cabo Delgado

O bispo Dom Luiz Fernando Lisboa “está tranquilo”, disse ao portal de notícias Voa Português o missionário Latifo Fonseca, da diocese de Pemba, capita da província de Cabo Delgado. “Diante de qualquer calúnia, ele pode sofrer como humano, mas pela missão está tranquilo. Ele sabe que ao querer defender os pequenos pode sofrer isso,” afirmou Fonseca.

Desde 2017 que terroristas aterrorizam a população de Cabo Delgado e o missionário reitera que o bispo tem “a consciência limpa, tranquila, sofrendo somente, porque a situação nossa não está boa, por causa da guerra, Covid-19 e deslocados”.

As acusações começaram a surgir nas redes sociais, primeiro com Gustavo Mavie, ex-diretor da Agência de Informação de Moçambique, a dizer que “um dos estrangeiros que têm estado na vanguarda dos que injustamente criticam o Governo de Nyusi e as Forças de Defesa e Segurança que dia e noite arriscam as suas vidas para combater os terroristas em Cabo Delgado é, sem dúvida, o actual Bispo de Pemba, Luiz Fernando Lisboa”.

Quem também aponta o dedo ao bispo brasileiro é Egídio Vaz, comentador apoiante de Nyusi. “Acabo de ler o longo texto de Gustavo Mavie sobre o bispo católico de Pemba. Concluo que ele é de facto, um dos logísticos dos terroristas. É ele quem dá comida aos insurgentes,” pode ler-se no Facebook do comentador. Vaz vai mais longe e acusa o bispo de ser “criminoso”.

As acusações surgem depois de Filipe Nyusi ter afirmado, em Cabo Delgado, na semana passada que “alguns estrangeiros que livremente escolheram viver em Moçambique, mas que, em nome camuflado dos direitos humanos, não respeitam o sacrifício dos que mantém erguida esta jovem pátria, e garantir a sua estadia em Cabo Delgado e em Moçambique em geral”.

Latifo Fonseca garantiu ao Voa Português que o bispo Lisboa mantem boas relações com as autoridades em Pemba, lembrando que ainda não houve qualquer posição oficial do Governo sobre a acusação ao bispo.

Também ouvido, Manuel de Araújo, da Renamo, considera que “a acusação é preocupante, uma vez que é contra um religioso que foi um dos primeiros a denunciar o sofrimento de milhares de moçambicanos vítimas da insurgência em Cabo Delgado”. “Aconteceu uma situação similar com o professor Gilles Cistac”, relembra o político da oposição.

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