A Rota da Seda era constituída por um conjunto de rotas interligadas através da Ásia do Sul, usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Assim, os carregamentos eram transportados por caravanas e embarcações oceânicas que ligavam comercialmente o Extremo Oriente e a Europa.
Estas rotas não só foram significativas para o desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações, como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e até Roma, mas ajudaram a fundamentar o início do mundo moderno e contribuíram para a espalhar pelo mundo novos alimentos e as especiarias.
Sandy Tang, a embaixadora da Plataforma de Sabores, não deixou de mencionar a influência da Rota da Seda para a culinária macaense.
Quem é a Sandy Tang:
Sandy Tang nasceu em Macau, região administrativa especial da China. Aqui viveu até aos 13 anos, quando se mudou para o Reino Unido para estudar. Sandy trabalha da área das novas tecnologias e reside em Reading, Berkshire, Reino Unido.
É consultora de tecnologia da Accenture CMT UK&I, e diz-se uma apaixonada por tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, a análise de megadados e a blockchain.
Antes da Accenture, passou pela chinesa Huawei UK, integrada no Elite Program e exercendo funções multifuncionais nas áreas da Wireless Engineer e TMO). No currículo apresenta também o prémio EFuture Star Awards, da Huawei Technologies. Sandy Tang é licenciada em Engenharia Eletrónica pela Universidade de Warwick.
A jovem, de 24 anos, admitiu já estar a considerar a possibilidade de trocar o mundo tecnológico pela cozinha para se tornar chef a tempo inteiro.
Entrevista:
“Acho que partilhamos uma herança em diferentes culinárias, partilhamos muito globalmente” disse.
Macau sempre foi uma região onde o Oriente e o Ocidente se cruzaram. Não foi diferente com a gastronomia.
“Muitos pratos macaenses são assados no forno, diferente de muitos lugares na China, e quem nos trouxe o forno foram os portugueses” confirmou.
Tang foi finalista do MasterChef UK 2020 e no desafio final do concurso escolheu confecionar pratos sob o tema “Rota da Seda”. A concorrente quis mostrar a diversidade de ingredientes nas comidas macaenses e o quanto o comércio das rotas fez com que houvesse uma fusão dos sabores ocidentais e orientais.
“Estava a ler um artigo de pesquisa sobre os ingredientes alimentares comuns na gastronomia chinesa. A comida de Macau e Hong Kong usam mais ingredientes que não são comuns nas comidas típicas da China,” explicou.
Sandy admitiu que, tal como muitos jovens, não dava importância as origens dos ingredientes e temperos. Até começar a cozinhar as receitas de Macau no Reino Unido e descobrir que, por trás das receitas, existe um passado, uma história.
Na dinastia Han os chineses receberam culturas agrícolas, tais como feijão, alfalfa, sésamo, cebola, pepinos e cenouras. Tanto que cenoura em cantonês, 胡蘿蔔 ,significa “cenoura estrangeira” revelou Sandy Tang.
“Em Macau também usamos muito açafrão, que vem da Índia e pó de gengibre que também não é original de Macau” acrescentou.
Hoje, o ocidente e o oriente têm as mesmas especiarias, mas os pratos variam de país para país.
Sandy Tang mudou-se para o Reino Unido quando era muito nova. Diz que já passou por vários desafios comuns de uma estudante internacional longe da família e dos amigos. Contou que foi difícil adaptar-se à nova cultura e lutar pelos respetivos objetivos numa sociedade diferente da de origem. Hoje, já a viver há muito tempo fora de Macau, mantém uma atitude otimista perante os desafios presentes e futuros.
“Recentemente, tenho um projeto de experiência gastronómica imersiva incorporada com teatro. Sei muito pouco sobre teatro e por isso tenho lido obras do Shakespeare e outros livros sobre como funciona o palco e uma atuação”, partilhou.
Sandy disse valorizar muito o conhecimento, por isso também dedica tempo na leitura e a experimentar receitas novas.
“Amo experimentar receitas novas, e sempre que o faço, tento fazer uma versão minha da receita”, explicou.
Considerou que, como “criadora de receitas”, é necessário usar as receitas como inspiração e procurar inovar aquilo que já se sabe fazer.
É por isso que Sandy reforçou a ideia do importante que é para si passar muitas horas na cozinha, com o objetivo de criar algum prato novo e interessante.
“Cozinhar deixa-me feliz. Sou consultora mas sempre que estou na cozinha, as ideias não param de aparecer e posso ficar por ali horas. Mas isso não constitui um fardo. É algo de que realmente gosto de fazer”, esclareceu.
Como a vida não é só trabalho, Sandy Tang considerou que a prática de atividade física, como treinar no ginásio, ajuda a relaxar e a renovar as energias. Também gosta de viajar e saborear comidas diferentes.