Xangai amplia Museu dos Refugiados Judeus

por Filipa Rodrigues
Xu Xiaoqing, Yang Kai

Na véspera do 75º aniversário da vitória mundial contra o fascismo, arrancou o projeto de ampliação do Museu de Refugiados Judeus em Xangai. Após esta renovação, o museu voltará a abrir ao público.

Chen Jian, diretor do museu, esclareceu que a área total vai crescer 900 metros quadrados, para um total de 4.000. A coleção exposta também será aumentada. Após a reabertura do museu, o número de peças vai subir de 150 para mais de um milhar.

Registos históricos mostram que durante a Segunda Guerra Mundial dezenas de milhares de refugiados judeus atravessaram o oceano até Xangai. Grande parte ficou a viver num acampamento de refugiados a norte do Rio Suzhou (atualmente zona residencial de Tilanqiao, no Distrito de Hongkou, Shanghai) e criou uma relação próxima com o povo chinês, dando assim origem do epíteto de “Arca de Noé Oriental” como era conhecida Xangai pela comunidade.

Esta semana, numa cerimónia de grande significado, o Museu de Refugiados Judeus em Xangai recebeu, de volta para exibição, uma peça de grande relevância para o respetivo acervo: Um vestido de noiva doado ao museu em 2013, usado Betty Grebenschikoff, um dos muitos judeus que escolheu em Xangai para refúgio durante o curso da Segunda Guerra Mundial.

O vestido tem mais de 70 anos de história. Em 1939, Betty, juntamente com os pais e outros familiares, refugiou-se em Xangai, onde permaneceu até ao final da Segunda Guerra. Em 1948 casou-se nesta cidade chinesa, envergando um vestido desenhado e produzido especialmente para ela pela sogra. Esta peça de vestuário para momentos especiais foi posteriormente vestida por duas das três filhas de Betty Grebenschikoff nos respetivos casamentos. O vestido é um pedaço da história de Betty e das filhas, assim como um símbolo dos vários refugiados que encontraram segurança em Xangai durante um conflito em que foram assassinados em massa, pelo menos seis mil judeus.

Como resultado do tempo passado, o vestido, feito em cetim, tem marcas de oxidação, sendo extremamente difícil manter e preservar o estado original, indicaram responsáveis pela área da conservação

Chen Jian, durante o encontro com os jornalistas para a apresentação da nova ampliação do museu, esclareceu ter efetuado várias viagens a diferentes instituições e empresas especializadas na preservação e recuperação de peças de museologia, tendo finalmente encontrado um em Xangai com capacidade para tratar da limpeza e conservação desta importante peça.

Chen disse ainda estar “extremamente feliz” por a notícia a informar sobre esta nova fase “da vida” do vestido ter chegado até Betty Grebenschikoff, que reside nos EUA.

Nos últimos anos, o Museu de Refugiados Judeus em Xangai tem recebido visitas de muitos sobreviventes e descendentes de refugiados judeus durante a Segunda Guerra à procura de uma viagem pelas “raízes culturais”. As memórias e doações, segundo os responsáveis, são altamente valiosas para garantir que o mundo não se esquece da terrível história da Segunda Guerra.

Quando o museu reabrir, o vestido de Betty estará entre mais de um milhar de peças em exibição. O museu abriga a história de cerca de 30 mil judeus que fugiram do Holocausto na Europa para se estabelecer no distrito de Tilanqiao de Xangai durante o conflito.

O museu é composto por três partes: a Sinagoga Ohel Moshe (Ohel Moishe), uma sala de exposição permanente e uma sala de exposições rotativas.

A Sinagoga Ohel Moshe desempenhou um papel central na vida dos refugiados judeus em Xangai durante a Segunda Guerra Mundial.

Construída em 1927, foi o centro da comunidade judaica e uma das duas únicas sinagogas construídas em Xangai na época.

Na década de 1930, Xangai era uma das únicas cidades do mundo que ofereceu abrigo aos judeus que fugiam da perseguição nazi na Europa.

Embora a sinagoga não esteja mais em uso, os visitantes do museu podem visitar o antigo templo, totalmente restaurado.

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