África do Sul, Egipto, Nigéria, Gana e Argélia são os países em maiores dificuldades
Enquanto África ultrapassa a barreira do milhão de casos de infeção por SARS-CoV-2, soa o alerta de que o número crescente de pacientes com Covid-19 começa a sobrecarregar os hospitais, principalmente em países com sistemas de saúde débeis.
O continente, que inicialmente foi poupado na primeira grande vaga da pandemia, assiste agora a um aumento significativo no número de casos de infeção por SARS-CoV-2 e mais de 21 mil mortes, de acordo com dados desta quinta-feira revelados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os casos em África representam 5% dos casos globais, mas a OMS levantou preocupações sobre a pouca ou quase nenhuma testagem em muitos países. “Um dos desafios constantes e preocupantes em muitos países africanos é a falta de kits para testar pessoas para Covid-19”, revelou o diretor regional da OMS em África, Matshidiso Moeti.
“A verdade é que a falta de testes leva a uma subnotificação de casos de Covid-19 e impede-nos de compreender o quadro completo da pandemia em África”, acrescentou.
O continente realizou quase nove milhões de testes, em comparação, por exemplo, com mais de 62 milhões realizados nos Estados Unidos da América.
Cerca de uma dúzia de países – incluindo África do Sul, Egipto, Nigéria, Gana, Marrocos, Quénia, Etiópia, Ruanda, Uganda e Ilhas Maurícias – realizaram mais de 200 mil testes cada, revelou John Nkengasong, diretor dos Centros Africanos para Controlo e Prevenção de Doenças.
O mesmo responsável avançou ainda que daqueles países, cinco – África do Sul, Egito, Nigéria, Gana e Argélia – respondem por três quartos dos casos no continente.
Patrick Youssef, diretor regional da Cruz Vermelha em África, afirmou que o continente levou quase cinco meses para atingir 500 mil casos de Covid-19, mas cerca de um mês para dobrar esse número. A maioria dos casos está na África do Sul, mas também é o país que mais testa.
Alguns países estão a aproximar-se de um número crítico de infecções que podem colocar muita pressão sobre os sistemas de saúde, com países como África do Sul, Madagáscar ou Quénia a revelarem que a sua capacidade de camas hospitalares está no limite.
De acordo com a OMS, 35 mil profissionais de saúde em África já contraíram o vírus em 41 países que enviaram relatórios. Na África do Sul, por exemplo, mais de 24 mil profissionais de sáude foram infetados e 181 morreram.