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Macau pode ser importante mercado de obrigações ‘verdes’ na lusofonia

O diretor da Academia de Economia e Gestão para a Ásia-Pacífico da Universidade de Macau (UM) disse à Lusa que Hong Kong e Macau podem tornar-se importantes mercados de finanças e obrigações verdes para países lusófonos

“A procura estimada por finança ‘verde’ e obrigações ‘verdes’ para os países de língua portuguesa é alta porque muitos deles são países em desenvolvimento, que tentam aumentar o crescimento com custos mais baixos”, defendeu Jacky Yuk-Chow So.

Hong Kong e Macau “são ambos uma zona franca e portos com taxas baixas”, razão pela qual “o capital pode entrar e sair sem muito problema, o que pode ser muito atrativo para os investidores internacionais”, acrescentou o professor.

Ou seja, concluiu, “talvez, Hong Kong e Macau possam tornar-se no primeiro e segundo mercado da finança ‘verde’ e obrigações ‘verdes’ para os países de língua portuguesa”, referindo-se a este mercado financeiro emergente de títulos de dívida associados a investimentos ‘amigos’ do ambiente.

No caso de Macau, o território “tem vantagem comparativa por causa da sua história, cultura e língua” ligada a Portugal, tanto mais porque “poderia oferecer benefícios de diversificação para a indústria dos ‘resorts’ integrados e casinos”, sustentou.

Jacky Yuk-Chow So lembrou que a região da Grande Baía, que inclui Hong Kong, Macau e nove cidades chinesas da província de Guagdong, “acumulou muito capital e está a procurar oportunidades de investimento”, algo que pode ser aproveitado pelos países de língua portuguesa.

No caso concreto das obrigações ‘verdes’ e dos países lusófonos em desenvolvimento, muitos “precisam de garantias do Banco Mundial e/ou do FMI [Fundo Monetário Internacional] para os seus empréstimos/obrigações de forma a reduzir os custos de juros”, pelo que esta é uma modalidade de financiamento atrativa, sublinhou o especialista da UM.

De resto, os últimos relatórios do Banco Mundial, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e outras entidades internacionais “apontam que o Brasil, a China, e um ou dois países de língua portuguesa são bastante bem-sucedidos em usar finança ‘verde’ e obrigações ‘verdes’ para tratar os problemas ambientais”, com o “Brasil e a China (…) entre os principais emissores de títulos ‘verdes’”, salientou.

“Muitos desses países [lusófonos] são especializados em agricultura e produtos marinhos. A poluição de água e a poluição do solo são mais graves nesses países. Além disso, (…) não têm capital suficiente para resolver muitos problemas de poluição, que exigem muito capital”, explicou.

Em outubro, o Banco da China em Macau realizou emissões de obrigações ‘verdes’ no valor de sete mil milhões de yuan (850 milhões de euros) em três moedas (dólar, euro e renmimbi) “que incluíram clientes lusófonos”, indicou à Lusa a instituição.

“Com base na tendência global do desenvolvimento ‘verde’ e em linha com o plano nacional de desenvolvimento, o Governo da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] anunciou recentemente quatro aspetos para promover o desenvolvimento das finanças ‘verdes’”, recordou a mesma entidade bancária.

“Entre eles, as obrigações ‘verdes’ são o ponto de entrada para o desenvolvimento da finança ‘verde’ em Macau. Além de melhorar alguns regulamentos legais, vai reduzir gradualmente o custo da emissão para ajudar a atrair mais instituições a emitirem títulos verdes no território”, sublinhou o Banco da China.

Contudo, “de acordo com o mercado, nenhum emissor de Macau anunciou que irá emitir títulos ‘verdes’ a breve prazo”, ressalvou a instituição.

As finanças e obrigações ‘verdes’ têm sido apontadas pelas autoridades de Macau como uma das apostas de um futuro mercado bolsista denominado em renminbi para desenvolver “uma indústria financeira moderna, a diversificação da economia e o reforço dos projetos de cooperação entre a China e os países lusófonos.

Uma estratégia que se cruza com o estatuto de Macau enquanto plataforma de serviços económicos e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa e o novo papel do território no projeto de Pequim de criar a região da Grande Baía, uma metrópole mundial com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,2 biliões de euros.

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