“A nossa comida é feita com muita dedicação”

por Filipa Rodrigues
Solange Safrão

A comida Tailandesa é conhecida pela cor, variedade e a forte relação com as especiarias que a região produz naturalmente. Em Macau não foge à regra. Os sabores tailandeses entraram na região e trazem consigo uma cultura que, cada vez mais, assenta no universo multicultural que se pretende de um espaço que integra a lista de cidades criativas da UNESCO em gastronomia desde 31 de outubro de 2017. No Papermoon, um restaurante localizado na Avenida Olímpica, Macau, a gastronomia tailandesa tem primazia, respeitando a origem da chef Aunda Sriprapha

O Plataforma foi saber como se faz chegar diariamente às mesas de Macau os sabores da vizinha Tailândia. E conhecer quem está por trás dos tradicionais pratos tailandeses.

Baseada em Macau há quase 30 anos, a chef Aunda Sriprapha é a principal responsável pela cozinha do restaurante Papermoon. Não esconde a paixão pela comida e pela cozinha, onde deu os primeiros passos ainda com 10 anos, esclarecendo que começou a trabalhar em restaurantes cinco anos depois, aos 15. “Antes de vir para Macau, ainda muito nova, trabalhei em diferentes restaurantes na Tailândia. Depois, decidi começar a cozinhar por conta própria e a vender o que fazia”, explicou.

A comida caseira tornou-se a especialidade da chef e foi logo aí que os seus cozinhados começaram a ser conhecidos. Aunda Sriprapha continua a investir na inovação da comida tailandesa. Confessa que em Macau não são muito apreciados os pratos mais típicos da Tailândia, e por isso tem de introduzir umas mudanças, designadamente mudar alguns ingredientes e alterar diferentes receitas para as ajustar ao paladar dos locais.

A culinária tailandesa tradicional divide-se em quatro grandes categorias: pratos cozidos, saladas picantes, alimentos picados e caril. Já os fritos, os salteados e os pratos cozinhados no vapor derivam da culinária chinesa. 

Todos os anos Aunda Sriprapha volta à terra natal para aprender novos pratos e novas técnicas de cozinha. “Costumo fazer cursos de culinária em Bangkok e na minha cidade natal Chiang Mai. Aprendo as técnicas e trago o conhecimento para Macau. Aqui em Macau ensino aos outros cozinheiros as novas técnicas e os novos pratos”, esclareceu.

A cozinha é um lugar de muita criatividade e muito trabalho. A chef costuma preparar as almondegas e as bolas de peixe na cozinha. É um processo, lento, que leva tempo, mas que garante a melhor qualidade da comida. 

Além de preparar os ingredientes, a chef também gosta muito de fritar. “Todas as tarefas da cozinha são importantes, mas do que mais gosto é de fritar”, diz.

Há muito tempo que se especializou nesta arte. No Papermoon, o “camarão frito vende muito bem” e, geralmente a confeção deste prato passa pelo seu saber. “Os pratos mais típicos que faço são a sopa Tom Yam Kung (sopa picante de camarão), caril de sapateira, caril de camarão e caril de frango” acrescentou.

Aunda Sriprapha também confirmou que em Macau pouco ou nada falta para cozinhar tailandês. Assegura que pode preparar pratos típicos do país porque facilmente encontra os ingredientes para cozinhar. “A comunidade tailandesa em Macau é pequena, mas temos algumas lojas que vendem produtos e ingredientes da Tailândia” disse, satisfeita.

Apesar de não ser vegetariana prefere cozinhar e comer legumes. Confessou não gostar muito de carne, mas ser chef obriga, não só a cozinhar, mas também a provar tudo o que é preparado. Quanto à comida chinesa, é uma apreciadora do arroz chau-chau. Confessa igualmente ser este o prato que mais faz quando está cansada e sem vontade de cozinhar.  “Quando quero fazer uma refeição bem feita ou quando tenho um evento em casa cozinho o caril de frango com arroz”, disse. 

A chef Aunda Sriprapha é a única da família que seguiu a carreira profisional de cozinheira. “Todo o mundo cozinha na minha casa”, mas nem todos acreditam que cozinhar pode ser uma profissão. A família respeita e tem orgulho dela, assume, mas não entendem o seu trabalho, adianta. Mas Aunda Sriprapha sente e tem muito orgulho do que faz. “Já fui a todos restaurantes tailandeses e nenhum consegue preparar a comida igual à nossa”, afirma convicta, esboçando um sorriso.

De acordo com a chef, dedica muito tempo a preparar a comida, e esse, afirma, “é um dos segredos para ser uma cozinheira bem sucedida”. “Para ser uma boa cozinheira, é preciso estudar, ter paixão e paciência. Eu costumo temperar a comida na noite anterior. É por isso que a comida fica mais saborosa”, revela.

Aunda Sriprapha admite que Macau é como se fosse uma “segunda casa”. Já vive aqui há alguns anos e já se acostumou à vida e as sociedade. O maior desafio que teve de enfrentar em Macau foi ter perdido o marido muito cedo. Além disso, atira que teve de trabalhar mais desde o falecimento do marido para suprir as necessidades. A chef diz ter muito gosto em partilhar a comida Tailandesa em Macau. “Amo cozinhar e o maior desejo é que os locais desfrutem do melhor da comida Tailandesa”, conclui. 

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!