“É o momento para revolucionar a educação”, diz responsável da virtual.connect

por Filipa Rodrigues
Hélder Beja

A virtual.connect, conferência internacional online da Virtual Educa sobre educação e tecnologia, aconteceu este mês com forte participação portuguesa e também um contributo chinês. O diretor-executivo, Adelino Sousa, caracteriza o momento atual gerado pela covid-19 como “raro”. Diz que agora é possível “tomar medidas mais ousadas para revolucionar o sistema de ensino”.

Jianli Jiao, professor e diretor do Centro de Investigação de Educação Futura, na Universidade Normal do Sul da China, em Guangzhou, foi um dos oradores da na conferência online virtual.connect da Virtual Educa. Decorreu entre 21 e 23 de julho. O objetivo: compreender as estratégias e soluções adotadas pelos diferentes países do globo, incluindo a China, para manter em funcionamento o sistema educativo durante a pandemia de covid-19.

Professores de inúmeras universidades e outras instituições centro e sul-americanas, mas também de Harvard, Estrasburgo, Singapura, Barcelona, Porto ou Coimbra participaram no evento. Os ministros da Educação de Portugal e Espanha, Tiago Brandão Rodrigues e Isabel Celaá, estiveram na sessão de abertura. Sobre a participação do docente da província de Cantão, Adelino Sousa, diretor executivo da Virtual Educa, fala da “importância de conhecer a perspetiva pós-covid chinesa” no que toca à educação. Daí a decisão de convidar Jianli Jiao, especialista na aplicação de tecnologia ao sistema educativo. E este não foi o único contributo asiático. Houve também uma comunicação de um orador de Singapura, Dickson Tang, sobre por que será a criatividade o futuro da educação.

“Não temos tradição na Ásia Pacífico, mas quis trazer alguém para falar um pouco sobre o que se está a viver lá, para podermos aprender”, refere o organizador.

Desde Março que a Virtual Educa, organização dos estados americanos que tem sedes em Washington e em Madrid, é comandada por este português. Adelino Sousa, 46 anos, natural do Porto. Sousa, entusiasta das novas formas de ensino, diz que os “Governos e professores não estão preparados para o ensino online”. Os alunos estão mais que prontos. “Se pensarmos nos jovens que se irão formar nesta geração, o trabalho deles será todo praticamente online, eles estão acostumados. Esta geração está preparada para o online, os governos e os professores não estão, e precisam de ter ajuda e de ser formados”.

O tema global da conferência foi a forma como o ano letivo 2020-2021 deverá ser preparado pelos sistemas de ensino público e privado. Foram apresentados estudos sobre o impacto da covid-19 nos sistemas escolares dos diferentes países, além propostas para recuperar atrasos e inovar nos métodos de ensino daqui para a frente.

O evento contou mais de 300 sessões e oradores de inúmeras universidades e outras instituições. Entre os palestrantes estiveram António Sampaio da Nóvoa, embaixador de Portugal na UNESCO, e o diretor mundial da OCDE para a área da educação, Sndreas Schleiche. “O que pretendemos é que se fale das melhores práticas [educativas] mas também das que não têm corrido bem, para que evitemos erros maiores”, acrescenta Adelino Sousa. 

O papel de Portugal

Sousa descreve-se, em tom de brincadeira, como “paranoico positivo” e por isso vê na atual crise provocada pela pandemia do novo coronavírus uma “oportunidade para os governos fazerem aquilo que não fizeram na educação – porque não conseguiram mobilizar sindicatos, professores, porque não conseguiram mobilizar os próprios pais”. “Os pais hoje têm uma perspetiva da educação completamente diferente daquela que tinham há uns meses, porque os pais são os segundos professores atualmente. É o momento para revolucionar.”

O diretor executivo da Virtual Connect acredita que aparecerão cada vez mais “soluções para os governos que têm medo do modo como a educação pode ir completamente para o online”. “Vão aparecer soluções de empresas que vão dizer assim: ‘Se quiser suportar todo o seu ensino para que seja online, existem soluções de tecnologia. Existem soluções para que se possa ter um modelo híbrido. Acho que este vai ser um momento em que os governos vão estar mais confortáveis para esses modelos, porque é um meio-termo”, diz.

Sousa explica o porquê de levar este congresso para Portugal. A versão física estava programada para este mês, em Lisboa, mas foi adiada para Novembro. “O objetivo de estar em Portugal tem a ver com a cooperação sul-sul. Nós acreditamos que será mais fácil chegar a África e passar boas práticas para África através da América Latina do que a partir do eixo europeu. Porque estão em estados de evolução mais próximos, e mais próximos do que aquilo que parece em termos de cultura e de necessidades. O objetivo em colocar aqui o congresso mundial, foi permitir a Portugal assumir um pouco a liderança de trazer uma nova abordagem de partilha de experiências de educação e tecnologia”, conclui.

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