Uma só pessoa contagiou 700 no Diamond Princess

por Filipe Sousa

Primeiro português infetado com covid-19, Adriano Maranhão, era canalizador no Diamond Princess. A propagação do novo coronavírus terá acontecido através de grandes grupos nos eventos coletivos, como jantares e bailes, antes de o navio ficar em quarentena, revela estudo.

Uma única fonte do novo coronavírus no cruzeiro Diamond Princess foi responsável por 697 infeções e sete mortes que ocorreram no navio japonês. Um estudo publicado na revista PNAS revela que o vírus idêntico ao de Wuhan, a província chinesa onde teve origem a pandemia que já fez quase 700 mil vítimas mortais e 17 milhões de infetados em todo o mundo, foi introduzido no barco por uma única pessoa ou por um grupo muito restrito, como uma família.

As conclusões dos investigadores japoneses são baseadas na análise genética exaustiva do novo coronavírus presente nas amostras nasais de 73 passageiros do cruzeiro infetados com covid-19.

A disseminação do vírus terá acontecido através de grandes grupos de passageiros nos eventos coletivos – jantares e bailes, por exemplo – antes de o navio ter sido posto em quarentena. Mas também se espalhou através de contactos pessoais entre companheiros de camarote, antes e depois do isolamento no porto japonês de Yokohama. Foi aqui que Adriano Maranhão – canalizador do Diamond Princess – também foi diagnosticado com a covid- 19, sendo o primeiro português a contrair o novo coronavírus.

A bordo do navio teve origem uma dos primeiros surtos massivos do novo coronavírus, ainda a Organização Mundial de Saúde (OMS) não tinha declarado a pandemia, o que só aconteceu a 11 de março. A sequência dos acontecimentos no barco é esta: um passageiro de 80 anos começou a ter tosse a partir de 23 de janeiro e desembarcou em Hong Kong, onde lhe foi diagnosticado covid-19 a 1 de fevereiro. Dois dias depois, o navio entrava em quarentena – de 3 a 19 de fevereiro, 3 600 passageiros viveram a terrível experiência de estarem 24 horas confinados nos seus camarotes, ainda a informação sobre o vírus era muito escassa e as atenções se voltavam sobretudo para a China e, na Europa, para a Itália. A 22 de março, soube-se que o português, de 41 anos, estava infetado.

O autores do estudo – citado pelo elPeriódico – conseguiram traçar a sequência completa de DNA do vírus que infetou os 73 passageiros que participaram na investigação e cujas amostras nasais foram recolhidas entre 15 e 17 de fevereiro. E uma das principais conclusões é que todas as amostras partilham a mesma mutação, o que significa que todos os vírus a bordo têm origem numa única fonte. Além disso, os cientistas concluíram que o vírus é praticamente idêntico ao de Wuhan, sugerindo assim que foi transmitido por alguém que esteve naquele local ou em contacto com alguém daquela província.

Em teoria, é possível que outros passageiros tenham introduzido outros vírus, já que o estudo se debruça apenas sobre 10% dos infetados. No entanto, essa possibilidade é dada como “muito improvável, uma vez que a mesma mutação está presente em 100% das amostras sequenciadas”, explica o catedrático de genética da Universidade de Barcelona, citado pelo elPeriódico.

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