Culpar os jovens? Não. Dar-lhes responsabilidade!

por Gonçalo Lopes
Gonçalo LopesGonçalo Lopes

Há pouco mais de quatro meses, quando Portugal teve praticamente de ‘fechar portas’, com o confinamento, uma das questões que veio a público foi sobre a necessidade de uma possível mudança social nas nossas vidas daí para a frente, derivada do resultado desta nova experiência de ficarmos trancados em casa.

Nessa altura, dizia que não. E de uma forma taxativa. Agora, contudo, pouco mais de quatro meses depois tenho outra opinião. Tudo mudou, o mundo mudou. A pandemia mudou a história e, para muitos, infelizmente, de forma definitiva. Mas, para seguirmos em frente, de uma forma positiva, é necessário que todos tenhamos aprendido com estes meses de confinamento. E pelo que vejo, neste momento, é que nem todos aprendemos. Ou melhor, alguns até podem ter aprendido, mas faltou explicar a outros.

Creio que muitos ainda têm dúvidas que o vírus continuará por muito mais tempo entre nós e que, devido a tal, teremos de introduzir mudanças no nosso estilo de vida, isto se quisermos minimizar os efeitos da doença. E o primeiro passo a ser dado, neste momento, partirá dos mais jovens. Está claro que nas últimas semanas os dados têm alterado de forma significativa a nível mundial: os infectados na faixa etária entre 25 e 34 anos aumentaram substancialmente, seguidos pelos entre 35 e 44 anos. 50% têm menos de 35 anos e 63% têm menos de 45 anos, isto a nível mundial.

Ou seja, a atual situação não é mais a dos primeiros meses, com os números de então a afetarem sobretudo os mais velhos. Agora são os mais jovens os pacientes e consequentemente os transmissores. Não só em Portugal mas por todo o mundo a atualidade relata-nos casos de festas (as já conhecias festas Covid), concentrações, etc. Qual o ponto comum de tudo isso? Os jovens! Mas agora também não é tempo de culpá-los. Os meses de confinamento custou a todos. Os meses fechados em casa foram duros. E todos sabíamos que eram os mais jovens que mais desesperados estavam por ‘respirarem. Mas não os podemos culpar daquilo que agora está a acontecer. Devemos, isso sim, transmitir-lhes o sentimento de responsabilidade.

A nós, famílias, pais, mais velhos, cabe-nos explicar aos jovens que esta liberdade poderá afetá-los no futuro. Explicar-lhes que mesmo que tenham a sorte de o vírus não os afetar, a realidade é que eles próprios têm muitas probabilidades de serem o veículo transmissor de causar enormes estragos dentro das suas próprias quatro paredes. Temos mesmo de explicar-lhes que este vírus transformou o mundo e, consequentemente, as suas vidas. E como não sabemos por quanto mais tempo, temos de explicar-lhes que se eles não forem responsáveis as consequências poderão ser duramente pagas pelos seus pais ou avós.

É isto que está a falhar, não tenho dúvidas. Será muito mais fácil, no futuro, se um deles for o tal transmissor, culpabilizá-los. Mas essa não pode ser a solução. Se eles podem ser culpabilizados, os mais velhos também. E também porque não lhes demos a tal responsabilidade. Todos nós que somos pais, tios, avós, queremos que os mais jovens cresçam rápido. Eu sou um deles, confesso. Mas para eles crescerem rápido temos de dar-lhes as armas adequadas. E, neste momento, a principal arma é a da responsabilidade.

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